O que é a sociedade do espetáculo?
Diria que estamos mais preocupados com a forma do que com o
conteúdo. Mas, não se engane, a forma é talvez e possivelmente a única coisa
que importa para que percebe o seu objeto de desejo, pessoa ou coisa.
Este papo de que temos que buscar a essência das coisas é
uma preocupação para quem deseja conhecer o outro. Os que se atraem em sua
maioria, a massa, a grande parte, não precisa de essência, projeta o desejo na
aparência.
Não entendeu? Explico melhor. Sem medo de arriscar, dois
terços dos seres humanos não estão enxergando outra pessoa a sua frente, não
desejam entender o que está por de trás daquilo que veem, estão vendo o que
querem.
Entrando em um restaurante, senta-se à mesa, se pede o
cardápio. Uma olhada na mesa ao lado e se vê uma família. Sim, tudo indica
isso, aparentemente. Há um casal, há crianças, todos estão ali.
Mas, um olhar mais atento tenta desvendar se eles estão
“juntos”, “unidos” ou “reunidos”. Sentados a mesma mesa estão, sem dúvida. Mas,
todos dialogam com a coisa. Se dão uma olhada para quem está ao lado, à frente,
mas coisa rápida. Continua-se encantado pela luminosidade da tela do objeto que
se tem nas mãos.
Quatro pessoas á mesa, quatro seres humanos envoltos com
seus objetos.
Cada um está em um mundo que é só seu. Os demais, a sua
volta, se encaixam no desejo que se tem na medida que se precisa projetar à
vontade e se necessita de um corpo externo para assumir o personagem desejado.
Cada um percebe sua família, se é membro de uma comunidade
que existe apenas na minha imaginação e vontade legitimada pela aparência.
Ao final, a família está reunida, sai nas imagens propagadas
como um símbolo de unidade, contudo, cada um dos elementos está só, acompanhado
de si mesmo e de suas projeções.
O eterno diálogo solitário