O que define a liberdade?
Ontem perguntava aos meus alunos se somos mais livres que
nossos avós. Eles consideravam que sim. Que temos muito mais opções. Que
podemos ser o que nós quisermos.
Mas, será que ter opções e ser o que antes não podíamos nos
faz mais livres?
Pense comigo, hoje, grande parte das opções que temos são
programadas e oferecidas diante de um conhecimento prévio dos seres humanos.
Somos satisfeitos por um desejo que é programado para termos.
Se formos a um supermercado, ao shopping center, esta
disposição inteligente das opções fica mais nítida. As coisas estão nos lugares
para cumprir uma programação cujo principal objetivo é nos seduzir.
Nas redes sociais, no mundo digital, a programação carregada
de opções tem o mesmo sentido, nos levar a escolher o que está programado. A diversidade
é planejada e agimos como bichos condicionados dentro de um ambiente projetado.
Nossos dados estão à disposição. Pesquisa de perfis,
tendências e interesses são feitas instantaneamente. Inúmeros dados ficam
disponíveis para se estabelecer estratégias de lançamento de produtos e
serviços.
A fama, aquilo que se deseja, ser conhecido e desejado, deve
obedecer a uma lógica de disposição no mercado. Existe estratégia para isso. Lembrando
que tudo é efêmero.
O que hoje está em alta, não vai durar para sempre e é importante
que não dure. O que desaparece já teve seu glamour e deve abrir espaço para um
novo bem, um novo desejo.
Que liberdade há nisso? Não há!
Por isso, nossos avós tinham menos escolhas, a vida era
engessada e o futuro restrito, porém, o que se construía de opção era resultado
do próprio esforço e não de manipulação. Era o resultado de uma luta para mudar
o destino, fazer um novo caminho e não ter opções prontas e pré-estabelecidas.
A vida de shoppings e supermercados
Não há liberdade onde tudo é programado