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Quando Abrão retornou da guerra, depois de ferir Quedorlaomer e os reis aliados que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale de Savé (14.17). Este fez uma proposta a Abrão. Queria que Abrão lhe desse as pessoas e ficasse com os bens do espólio da guerra (14.21). Abrão recusou com juramento sua proposta, justificando sua decisão (14.22,23), porém estabelecendo a possibilidade de recompensar os aliados que com ele estavam (14.24). Desse episódio, podemos extrair duas lições:
Em primeiro lugar, Abrão não tem apego a dinheiro, pois seu compromisso é com Deus (14.21). O rei de Sodoma pediu as pessoas e ofereceu os bens, mas o que enchia os olhos de Ló não atraía Abrão. Além, do mais, como bem argumenta Waltke, o vencedor, não um rei derrotado, tem o direito de estipular a disposição dos espólios de guerra. Além disso, a atitude do rei de Sodoma é fraudulenta e invejosa, pois ele não saúda Abrão com alegria festiva. Abrão antecipa que, se viesse a aceitar a oferta, o rei de Sodoma alegaria que ele ficava em desvantagem para que Abrão tivesse vantagem.
Em segundo lugar, Abrão não negocia seu testemunho para auferir vantagens financeiras (14.22-24). Abrão não estende suas mãos para o rei da Babilônia para ajuntar os bens resgatados na guerra, mas ergue suas mãos ao Senhor, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra. Ele rejeita com juramento a oferta do rei de Sodoma e não se dispõe a tomar para si nem sequer um fio ou correia de sandália. Sua riqueza não deve vir da cidade do pecado, mas das mãos do Deus Altíssimo. Waltke diz que Abrão prefere pairar acima de qualquer censura aos olhos de seus vizinhos pagãos e não permitirá que o nome de seu Deus seja denegrido por ambiguidade moral.
Estou de pleno acordo com o que escreveu Warren Wiersbe:
Abrão não impôs sua convicção a seus aliados. Deixou a critério deles resolver se desejavam tomar para si a parte que lhes cabia dos espólios. Também não esperou que dessem o dízimo a Melquisedeque. Abrão era um peregrino e estrangeiro, enquanto os aliados eram homens do mundo, cuja conduta era governada por um conjunto diferente de valores. “Os outros podem, você não deve”. LOPES, Hernandes Dias - Gênesis: o livro das Origens