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Description

Graça não é remendo. Na vida, por nós mesmos, o máximo que podemos fazer é remendar. E, muitas vezes, nossos remendos deixam o trabalho pior do que estava. Éramos lindos sonetos, mas fomos estragados pela queda. Não adianta emendar o poema. Tem de ser refeito. A graça o refaz. Conta-se que o poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) foi procurado por um poeta que lhe entregou um soneto, pedindo-lhe que o lesse e corrigisse. No dia seguinte, o aprendiz procurou o poeta, que lhe respondeu que não fez qualquer reparo, uma vez que o poema era tão ruim que a emenda ficaria pior que o soneto. Como um soneto rascunhado, somos sonetos que precisam ser reescritos. A graça faz isso. Graça é tecido novo; é vida nova, que não depende de nós. Se a salvação dependesse de nós, seria feita com cacos de barro, formando vasos cheios de rachaduras. Se a salvação dependesse de nós, seria como uma roupa cheia de remendos à vista. Graças a Deus, a nossa salvação não depende de nós. A graça é Deus perto. A cruz derrubou o muro que nos separava de Deus. Ele estava perto, mas não podíamos vê-lo. Agora podemos. A graça nos reconciliou. Tratávamos a Deus como inimigo, mas agora sabemos que é amigo. Desde que fomos salvos, vemos que Deus está perto. A graça é Deus muito perto. Antes de Jesus, lutávamos com as armas do mérito pelas quais nos achávamos merecedores de cuidado e proteção. Depois de Cristo, sabemos que Deus não está perto só quando o perigo vem. O perigo pode vir, mas Deus está perto. Nada fizemos para merecer essa proximidade. É a graça. AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia