Com base no ensino do apóstolo, podemos e precisamos reafirmar os seguintes valores:
1. A criação (a natureza, o corpo e os sentidos) é boa porque foi criada por Deus. Ele mesmo olhou para a sua criação e se satisfez com ela porque era boa e bela (Gênesis 1). Contemplar a natureza ou fruir dela responsavelmente em passeios, observações, escaladas e outras ações, pode ser uma maneira de exaltar o Criador, se ele for visto como tal: um Criador diferente da obra que ele criou para seu próprio deleite e para o bem-estar da própria criação.
2. O prazer é humano e fruí-lo indica a aceitação da nossa semelhança com o nosso Criador, que, por exemplo, vinha conversar com a primeira família ao final do dia (será que em torno de uma pizza? Será que no frescor da beira do rio?).
3. Ao usufruirmos das boas coisas da vida, precisamos e podemos nos lembrar de celebrar nossa confiança e esperança no Deus vivo, para que nossa fruição não seja vaidade das vaidades (cf. Eclesiastes 1.2). A intensidade da experiência do prazer, no entanto, pode nos levar a nos perdermos nele mesmo. Ele pode ser fruído como algo fora de nós, numa perigosa fuga, ou como uma expressão de revolta, sempre numa espécie de preenchimento de um vazio muitas vezes do tamanho de Deus. Qual é o critério para sabermos se o prazer é santo? É quando podemos agradecer a Deus por ele, antes de fruí-lo. Podemos desfrutá-lo como excelente, mas sabendo que se trata de algo temporal. Reconhecemos que seu efeito (pode ser de um alimento, um surfe, uma leitura, uma viagem) passará e precisaremos de outro. Tudo pode ser santificado, até o que não é. Eis o que fazemos quando agradecemos a Deus:
4. Devemos e podemos santificar o prazer. Tudo o que Deus fez é santo, originalmente santo. É nossa tarefa conservar essa santidade, confirmando-a ou ressantificando o que conspurcamos. Aqui é preciso um cuidado para que a nossa mente não fique cauterizada: quem diz que este ou aquele prazer é santo? É a nossa consciência, Sim, é a nossa consciência, mas a consciência pura, que é aquela instruída pela palavra de Deus (2Timóteo 3.16) e desenvolvida por meio da oração (2Timóteo 1.3). Sem uma mente biblicamente orientada, o instinto se torna o senhor, o desejo se torna o guia das nossas escolhas.
5. A salvação é o maior prazer. A salvação nos coloca num relacionamento com Deus, o que torna a nossa vida plena. Assim, podemos continuar a buscar os prazeres e fruir deles, mas sabendo que tudo o que fizermos deve ter como objetivo último a glória de Deus. A salvação nos dá a certeza de uma vida transbordante, que faz com que cantemos mesmo em meio a dificuldades. Jesus disse que veio para que tivéssemos “vida completa” (João 10.10). A salvação nos põe na dimensão da vida em que o prazer será para sempre, sem que precisemos pagar ou nos esforçar para ter acesso a ele. Eis a palavras que no céu poderão ser ouvidas: “O Espírito e a Noiva dizem: ‘Venha!’” (Apocalipse 22.17).
AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia