Vencer é perder. “Acumular” é o que queremos em todas as áreas da vida. “Perder” é algo que nos deprime. Por isso, todos os conceitos, até os mais sublimes e mais sagrados, se tornam reféns da ideia de vitória como acréscimo. Até mesmo o conceito de graça, central na fé cristã, pode sofrer desse vício. Receber a graça se tornou receber “graças”, ou seja, coisas e mais coisas, numa espiral sucessiva. Não admitimos que a graça possa implicar perda. Quando Jesus disse que, para segui-lo, precisamos tomar a nossa cruz, estava nos mostrando a necessidade da renúncia. Renunciar é perder. Renunciar é abrir mão do poder que temos. Porque podemos nos ter tornado autoritários. Renunciar é abrir mão das coisas que possuímos. Porque podemos nos sentir seguros com elas. Renunciar é abrir mão das ideias que adotamos. Porque podemos estar errados. A cruz de Jesus não tem poder, a não ser o poder da fraqueza. A cruz de Jesus é um convite à liberdade que vem pela renúncia. AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia