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Ao ler esta passagem lembremos a idéia básica de religião sempre presente na mente do autor de Hebreus. Para ele a religião é o acesso à presença de Deus; é o que nos permite chegar a Deus como amigos, sem que nada se interponha. Esta era a comunidade que a antiga religião judia queria levar a efeito. E para isso tinha dois caminhos. Em primeiro lugar estava em seu desígnio realizar isto mediante a obediência à Lei; que o homem obedeça à Lei e se faça assim amigo de Deus; que seja sempre obediente aos mandamentos de Deus e assim tenha sempre direito ao acesso a Deus.
Mas, em segundo lugar, reconhecia-se que tal obediência perfeita estava fora das possibilidades do homem, daí que se introduziu todo o sistema sacrificial. Quando um homem era culpado de ter quebrantado a Lei oferecia o sacrifício requerido e assim supunha-se corrigida a
transgressão pelo sacrifício. Isto é o que o autor de Hebreus pensa ao dizer que o povo se tornou um povo da Lei sobre a base do sacerdócio levítico. Sem os sacrifícios levíticos para expiar as transgressões da Lei, esta teria sido completamente impossível.
Mas o sistema de sacrifícios levíticos se mostrou ineficaz para restaurar a comunidade perdida entre Deus e o homem. De fato não restabeleceu o perdido acesso a Deus. Finalmente Jesus pode realizar o que nunca pôde realizar o sacerdócio antigo: nos dar acesso a Deus.
Como realiza isto? O que é que priva o homem do acesso a Deus? O que é que levanta as barreiras?
(1) O temor. Enquanto o homem tenha medo de Deus jamais poderá sentir-se à vontade com Ele. Jesus veio para mostrar aos homens a ternura infinita do amor de um Deus cujo nome é Pai — e desaparece o tremendo medo. Agora sabemos que a única coisa que Deus quer é que voltemos ao lar não para sermos castigados, senão para sermos acolhidos entre seus braços.
(2) O pecado. Mas Jesus em sua cruz levou a cabo o sacrifício perfeito que expia o pecado. O temor desaparece e o pecado é vencido: assim fica aberto o caminho a Deus. BARCLAY, The Letter to The Hebrews