Entre extremos, opomos graça e culpa. Que bem nos faz a culpa, senão a de nos sentir culpados? A culpa é um convite ao pecado, como se o nosso fracasso o tornasse inevitável. A culpa é real, mas não pode ser o horizonte baixo da nossa vida. A culpa é o nosso salário, mas exclusivamente pelo que fizemos. A culpa pode até mesmo ser pedagógica ao nos conduzir para a redenção, mas quase sempre é caverna de onde é difícil sair. A boa religião não nega a culpa, mas vive para a possibilidade da sua derrota. A boa religião se alimenta da graça. A boa religião alimenta a graça. A graça nos alimenta. A graça só nos faz bem. A graça é um convite à liberdade digna como o compasso da nossa trajetória. A graça é sempre pedagógica porque a jornada pode ser longa. Quando nos rendemos a ela, a graça nos sopra a atmosfera da alegria. Precisamos ouvir histórias de graça. Precisamos da graça. Podemos ser escravos do nosso passado. Podemos ser livres em relação ao nosso passado. O passado nos deixa heranças, boas e ruins. A educação que recebemos é um legado, que também pode ser bom ou ruim. Se nossa infância foi triste, podemos passar a vida inteira tristes ou decidir que não temos de ser escravos da nossa herança ruim. Não precisamos aceitar os papéis que o passado nos deixou. Não precisamos ser filhos de escravos. Mesmo que nossos pais tenham sido escravos de vícios e maus hábitos, podemos ser livres. O filho de um alcoólatra não precisa ser alcoólatra. O filho de pai violento não precisa ser violento com os seus filhos. Uma pessoa que vivenciou a pobreza não precisa continuar passando fome. Todos precisamos entender que somos livres, livres para decidir a vida que queremos levar. AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia