Conhecedor da natureza humana, Jesus dirige suas palavras como flechas ao coração, não para fulminá-lo, mas para libertá-lo, e afirma que os humildes são felizes. Humilde é quem não olha para o outro como inferior, mas como igual ou, idealmente, como superior. Humilde é quem não atropela a fala do outro, mesmo que não consiga dizer o que quer, o que pode esperar. Humilde é quem não conta vantagem diante de uma conquista do outro porque sabe que não crescerá um centímetro sequer apequenando o que o outro é, tem ou deseja. Humilde é quem não se encanta consigo mesmo, nem mesmo (ou principalmente) com a sua fé. Humilde é quem não se deslumbra com o próprio sucesso nem almeja o triunfo do outro. Humilde é quem não se orgulha dos seus músculos, por mais fortes que sejam; dos seus neurônios, por mais ágeis que funcionem; dos seus títulos, por mais espaço que ocupem na parede; do seu sobrenome, por mais prestigio que evoque; dos seus dons, por mais poderosos que pareçam; ou da sua beleza, por mais elogiada que seja, porque se sabe nu. Humilde é quem não se alegra em dizer “eu”, porque prefere falar “nós”. Humilde é quem não se enaltece, porque prefere destacar o outro. Humilde é quem não ouve os ridículos e fica com desejo de os imitar. Humilde é quem não se vê como padrão, seguindo o jeito do fariseu reprovado, mas tem a Deus como seu modelo, como fez o cobrador de impostos, elogiado. Humilde é quem não nega a existência de Deus por não compreendê-lo. Humilde é quem não precisa ser admirado pelos outros, porque se vê no espelho da vida como filho amado de Deus. Humilde é quem está disposto considerar os mandamentos de Deus e dizer: “É assim que quero viver”. AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia