O príncipe de Tiro habita no coração de muitos de nós. Somos com o príncipe de Tiro quando nos achamos mais importantes que os outros. Somos com o príncipe de Tiro quando achamos que nossas virtudes são maiores do que as dos outros. Somos com o príncipe de Tiro quando contamos nossos sonhos, mas não ouvimos os dos outros. Somos com o príncipe de Tiro quando celebramos nossas vitórias, mas não celebramos as conquistas dos outros. Somos com o príncipe de Tiro quando nos envaidecemos dos nossos músculos. Somos com o príncipe de Tiro quando passamos a achar que nunca vão descobrir os nossos erros. Somos com o príncipe de Tiro quando pensamos que não precisamos de Deus, mas que ele precisa de nós. Para sermos felizes, precisamos sempre voltar à Bíblia para ver como o príncipe de Tiro terminou os seus dias. Só assim não percorerremos o mesmo itinerário.
A vaidade tem muitas faces. Na adolescência, por exemplo, tivemos colegas brilhantes e colegas que passavam despercebidos na escola. Ou melhor: na adolescência tivemos colegas de classe que achávamos brilhantes e colegas que achávamos inexpressivos. Por vezes, nossas percepções mudavam quando aprofundávamos os nossos relacionamentos. Então, percebíamos, por exemplo, que um colega muito calado, a quem considerávamos tímido, não falava porque achava que não seria compreendido. Seu silêncio era uma forma de orgulho. A vaidade pode ser irritantemente ostensiva ou pode se esconder atrás do silêncio. Ou até mesmo habitar entre palavras piedosas, como estas: “Tudo para a glória de Deus”. A autoexaltação é tão onipresente que pode estar viva até nas palavras de autodesprezo que podemos por vezes ou frequentemente dizer (do tipo “eu não sei nada”, “eu não realizei nada nesta vida”). Então, para não ter de nós mesmo um conceito mais alto do que convém, precisamos prestar muita atenção para que a nossa vaidade fique sob controle, para não termos o fim do príncipe de Tiro.
AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia