Esse capítulo antecipa claramente a doutrina da responsabilidade individual como a encontramos no Novo Testamento. Deus vai mostrando a verdade completa de modo progressivo. Ele vai se revelando aos poucos, na medida da capacidade de o povo compreender. No Antigo Testamento, o pecado era individual e comunitário, isto é: havia uma solidariedade na santidade e também no pecado. Famílias eram exterminadas por causa do erro de um dos seus membros, como no caso de Acã (Josué 7.24). Ezequiel oferece a visão que prevalece no Novo Testamento, especialmente no que se refere à decisão de aceitar ou recusar a oferta de salvação por meio de Jesus Cristo. Os pais não podem pagar pelos erros dos seus filhos. Os filhos não podem pagar pelos erros dos seus pais. A alma que pecar morrerá (versículos 4 e 20). A alma que viver segundo os valores de Deus viverá. Vale aqui uma frase feita: Deus não tem netos, só filhos. A decisão é pessoal. As bênçãos e as consequências dessa decisão também são pessoais. Para destacar a impossibilidade de transferirmos a responsabilidade pelas nossas decisões, o profeta Ezequiel faz uma síntese da verdadeira religião. O princípio da verdadeira religião é reconhecer a soberania do Senhor, que deve se expressar numa adoração exclusiva a Deus. Não podemos servir a outros deuses. Não prodemos servir a nós mesmos. Essa adoração deve obrigatoriamente repercutir numa vida pautada por padrões éticos elevados. Esses padrões devem conduzir a expressão de nossa sexualidade, a extensão das nossas relações econômicas, a defesa da justiça, a solidariedade para com os pobres, a vivência da honestidade. Uma expressão de fé que se contenta apenas com o prazer de estar na presença de Deus, esquecida de que deve orientar todas as ações daquele que adora é uma abominação e não verdadeira religião. AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia