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Não sei se você já percebeu isso. Nós parecemos ser capazes de lidar com as diferenças de doutri­nas. São os conflitos pessoais que realmente nos dividem.
Quando eu era adolescente, visitamos um dos ami­gos do meu pai, um senhor aposentado que tinha um chalé perto de um lago. No caminho de vol­ta para casa, meu pai observou que, quando seu amigo era criança, tinha ido a um jantar da igreja e pedido uma fatia de um bolo que tinha visto an­tes, na cozinha. A senhora no balcão disse que o bolo havia acabado. Mas, alguns minutos depois, ele a viu, sentada na cozinha, comendo uma fatia daquele mesmo bolo. O amigo de meu pai jamais voltou à igreja!
Não foi a doutrina que o repeliu. Foi a mentira de uma mulher sobre uma fatia de bolo.
A Igreja Primitiva foi capaz de resolver os conflitos de doutrina entre os cristãos hebreus que julgavam que os crentes gentios deveriam ser circuncidados, e aqueles que julgavam que eles não deveriam ser circuncidados. Mas quando Barnabé quis levar João Marcos, seu sobrinho, consigo em outra via­gem missionária, oh, não. Paulo não aceitou isso. Marcos os tinha abandonado na primeira viagem missionária (13.13), e Paulo não tinha simpatia por desertores.
Lucas disse que “tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro” (15.39). Barnabé levou Marcos e seguiu em uma direção. Paulo levou Silas e seguiu em uma direção diferente.
Eles conseguiram lidar com as diferenças de dou­trina. Um conflito pessoal? Não. Se não posso ter a minha fatia de bolo, eu desisto, e vou para casa. É isso.
Na verdade, existe uma maneira de lidar com con­flitos pessoais. Jesus falou de nos lembrarmos de que nós, seres humanos, somos todos como ove­lhas, com a tendência de nos desgarrarmos. Temos que ser trazidos de volta para casa com afeto e com alegria (Mt 18). O próprio Paulo, um dia, escreve­ria: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Fp 2.3,4).
As diferenças pessoais não têm que dividir os cris­tãos. Mas a separação entre Paulo e Barnabé nos lembra do quanto todos nós somos vulneráveis. As disputas certamente dividem. A menos que seja­ mos sensíveis, e também humildes.
“Eu costumava pensar que os dons de Deus estavam em prateleiras, um em cima do outro, e que quanto mais crescêssemos no caráter cristão, mais facilmente poderíamos alcançá-los. Agora, sei que os dons de Deus estão em prateleiras, um em baixo do outro. Não é uma questão de crescer, mas de nos curvarmos, para conseguirmos os seus melho­res dons.” — F. B. Meyer
É sempre mais importante ser afetuoso do que es­tar certo.
RICHARDS, Comentário Devocional da Bíblia