Sempre me encolho um pouco quando ouço as pessoas falando sobre “lutar” pela fé.
Tenho essa imagem do sujeito de rosto amargurado que, na saída da igreja, diz ao pregador (em voz alta) como o seu sermão distorceu o texto da manhã. Ou o jovem que visitou a nossa congregação em uma manhã de domingo, e ostentosamente saiu quando Ruth Flood, que tinha sido uma professora de oratória em diversos cursos cristãos, fez a leitura das Escrituras no púlpito. Ele nos deu a entender que éramos ignorantes do fato de que as mulheres não devem subir naquela plataforma. Ele estava lutando pela verdadeira fé.
Na verdade, há ocasiões em que qualquer um de nós precisa ser informado ou corrigido. Mas a maneira como uma pessoa tenta esclarecer a ignorância de outra faz uma grande diferença. Existe uma maneira correta, e uma maneira errada, de fazer isso. Priscila e Áquila nos mostram a maneira correta. Um vigoroso pregador, chamado Apoio, veio à cidade, ensinando sobre a vinda iminente do Messias. Ele conhecia as Escrituras, porém jamais tinha ouvido falar de Jesus. Tudo o que ele sabia era que João Batista havia aparecido na terra natal, e dissera que o Prometido iria chegar. Isso era suficiente para Apolo, e ele continuava pregando as Boas-Novas, como as conhecia. Teria sido fácil para Priscila e Áquila levantar-se naquela reunião e atualizar Apoio. Ou corrigi-lo quando estivessem se cumprimentando, na saída. Em vez disso, o casal o convidou para jantar, quando o cumprimentaram pelas suas palavras, e “lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus”. Que modelo para seguirmos. Certamente, desejamos esclarecer mal entendidos, e esclarecer as pessoas que adoram um Deus ao qual não conhecem de verdade. Mas devemos fazer isso de maneira sábia. Não em público, quando alguém poderá ficar constrangido. Mas no calor da nossa casa, ou na privacidade de uma conversa amigável. Na verdade, suspeito que Apólo fosse um homem muito grande e sincero demais para ter ficado indiferente, ainda que Priscila e Áquila tivessem sido muito insolentes como alguns de nós, cristãos, somos. Assim, talvez Lucas nos conte a história mais como um lembrete do que outra coisa. A melhor maneira de apresentar um Deus desconhecido não é “lutar”, de maneira alguma, mas, em um espírito caloroso e amoroso, compartilhar o nosso conhecimento das grandes e maravilhosas Boas-Novas de Deus. A sensibilidade aos sentimentos das outras pessoas abre os ouvidos delas. RICHARDS, Comentário Devocional da Bíblia