Somos todos pecadores. Raabe era pecadora. Somos indignos por causa do pecado. Conservamos alguma dignidade porque fomos feitos parecidos com Deus. Essa semelhança é tão poderosa que o pecado não destruiu completamente o ser humano. Raabe tinha também alguma dignidade. Era prostituta, mas falava a verdade. Era prostituta, mas cumpria a palavra que dava. Era prostituta, mas viu que uma grande história acontecia debaixo dos muros de sua cidade. Quando os espiões de Josué encontraram Raabe na casa dela, decidiram correr o risco de confiar nela. Separando o pecado da pecadora, eles não se deixaram levar pelo preconceito, com o qual condenamos definitivamente algumas pessoas. Raabe tinha a sensibilidade que todo ser humano deve ter. Quando os homens de Deus chegaram à sua casa, ela percebeu que eles estavam a serviço de Deus. Ela era uma mulher atenta. Raabe estava atenta à História. Embora não fosse israelita, ela sabia o que estava acontecendo com o povo de Israel, prestes a chegar. Ela não era uma pessoa alienada. Os feitos de Deus em favor dos hebreus chegaram ao seu conhecimento e ela queria ser participante da história de Deus. O modo como Raabe serviu a uma grande causa nos mostra o quanto podemos perder agindo de modo preconceituoso.
Quando Raabe recebe a promessa de que ficaria livre da iminente destruição de Jericó, ela pede que a sua família seja protegida da morte. Ela faz uma lista das pessoas a serem preservadas: primeiramente, seu pai e sua mãe; depois, seus irmãos e, também, seus sobrinhos e demais parentes. Ela não pede diretamente por sua vida. Sua preocupação eram os seus familiares. Quando continuamos a ler a história, vemos que Raabe tinha ainda uma parte no acordo. Entre suas tarefas, teria de amarrar um cordão vermelho na parede do lado de fora. Ela não falhou num ponto sequer do acordo. Seu pedido foi atendido e nenhum dos seus parentes morreu quando a cidade deles foi destruída por Josué e seus comandados. O foco da preocupação de Raabe não foi ela mesma. Foram os seus familiares. Raabe nos mostra que devemos cuidar daqueles a quem podemos ajudar. Quando já idosos, nossos pais não são um estorvo. Cuidar deles deve ser feito por nós como uma honra, não como um fardo. Há pessoas que dependem de nós para sobreviver. Cuidemos delas. AZEVEDO, Israel Belo de - Bíblia Sagrada Bom Dia