O que faz de uma pessoa uma grande pessoa? É o que ela crê. E crer inclui o conjunto de convicções (tanto na área religiosa quanto em todas as outras da vida) de uma pessoa. Uma pessoa crê que torcer pelo seu time é a razão de ser da sua vida. Ela atravessa o mundo para acompanhar a equipe, nem que tenha de vender seu carro ou mesmo sua casa. Se o time vence, canta como uma criança ou como um cientista que descobriu uma fórmula. Se o time perde, chora como se tivesse perdido um ente querido. Outra pessoa crê que já conseguiu tudo o que queria na vida e, então, se contenta com os sonhos realizados e para de imaginar outras possibilidades para a sua vida e seu mundo. Talvez seja até feliz. É o que cremos que nos leva a fazer muito ou a não fazer nada. É o que cremos que nos dá a razão pela qual fazemos o que fazemos. E a razão pela qual fazemos é a nossa real remuneração, não o dinheiro a ser ganho. Nesse sentido, o compositor Johan Sebastian Bach deixou um legado duplo: sua própria obra e a motivação que o levava a compor. Essa motivação está manuscrita nas suas partituras, nas quais podem ser lidas algumas iniciais latinas: I.N.J. ou J.J., escritas no alto das folhas, ou SDG, escritas no final da composição: I.N.J. é In Nomine Jesu (“Em nome de Jesus”). J.J. é Jesu Juva (“Ajuda-me, Jesus”). SDG é Soli Deo Gloria (“Glória somente a Deus”). Talvez pensemos: uma pessoa bem-sucedida pode fazer esses registros. No entanto, Bach ficou órfão aos 10 anos de idade; mais tarde, viúvo, teve de cuidar de quatro filhos; tendo se casado de novo, dez dos seus filhos morreram na infância. Seus superiores na igreja e na cidade tinham sérias objeções ao seu trabalho. Mesmo assim, o gênio da música dedicava suas obras a Deus, por cuja graça se sentia amado e sustentado. Por isso, continuou com seus I.N.J., J.J. e SDG. Para que(m) você vive? AZEVEDO, Bíblia Sagrada Bom Dia