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A vacina contra o coronavírus chegou para grande parte do mundo, mas a  velocidade e a eficiência na aplicação das doses tem variado muito.  Os Estados Unidos e a China, por exemplo, são responsáveis por mais de  45% das doses já administradas em todo o planeta. Enquanto isso, Israel  aplicou 120 vacinas para cada 100 habitantes. Nosso vizinho, o Chile,  também tem avançado na vacinação, com 74 pessoas a cada 100 habitantes.  No Brasil, a demora da vacinação tem levado algumas pessoas a buscarem  alternativas individuais para se proteger da contaminação. Uma delas é  viajar para países onde é possível ser vacinado sem necessidade de  comprovação de residência. Um dos principais destinos dos brasileiros são os Estados Unidos, onde  as doses estão sendo aplicadas sem muita burocracia. Na Flórida, cerca  de 52 mil pessoas de fora do estado tinham sido vacinadas até o final de  abril.

Já em Nova Iorque, as autoridades locais estimam que 25% das vacinas  foram aplicadas em pessoas não residentes no estado. Diante disso,  estados como Texas e Califórnia passaram a exigir comprovantes de  residência para a aplicação da vacina.  A entrada dos brasileiros nos Estados Unidos, na realidade, está  dificultada desde maio de 2020. Para quem tem residência, cidadania ou  familiares que moram no país, a viagem para o país fica mais fácil.  Já para os brasileiros que podem pagar a passagem, a alternativa é fazer  quarentena em outros países. É o caso do México, onde os “turistas da  vacina” vão em direção ao norte. Os mexicanos são maioria entre esses  turistas da vacinação, tendo em vista que o país vacinou apenas 6% da  sua população. Os brasileiros e os mexicanos não são os únicos que estão pagando para  viajar para o exterior e se vacinar. A Alemanha passa por uma situação  parecida. O país está avançando muito lentamente na vacinação em  comparação com seus vizinhos europeus. Curiosamente, essa situação tem  impulsionado até mesmo novos negócios.   Aproveitando a oportunidade, agências de turismo da Alemanha estão  oferecendo pacotes de viagem para países com vacinação facilitada,  unindo atividades como praias e surfe à aplicação da dose do imunizante.

Outro problema é que a falta de vacinas em alguns países mais pobres é  ocasionada pelo monopólio de doses pelos países ricos, o que contribui  para o turismo de vacinação irregular, como o dos brasileiros que vão  para os Estados Unidos.  Frente a esse problema, o presidente americano Joe Biden anunciou que  irá doar sessenta milhões de doses do imunizante AstraZeneca, que ainda  não foi aprovado pelas autoridades de saúde locais, para países que  necessitem, mas não especificou quando nem como isso vai acontecer. O  governo americano tem sido criticado por monopolizar vacinas e colaborar  pouco com a imunização internacional, enquanto Rússia e China estão  apostando na doação de doses para nações mais necessitadas.  Resta ver como os países receberão essa nova categoria de turismo e se  isso irá ajudar na aceleração da imunização mundial contra a COVID-19.