O deputado Daniel Silveira é um criminoso de acordo com os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. Seu crime é inafiançável e foi detectado em flagrante, o que justificou a prisão decretada por Alexandre de Moraes e depois referendada pelo pleno do STF. Até aqui o julgamento foi técnico, o que vem depois é outra história. Há fortes motivos, ainda que não bons motivos, para que a decisão caia por terra antes de o brucutu esquentar a cela.
De um lado, o corporativismo do Congresso e, por outro, a reciprocidade da nova direção da casa frente a quem pôs a mão no bolso e no Diário Oficial para garantir os lugares à mesa. Sem falar na busca de uma ação preventiva contra o STF em seu papel de defensor da Constituição e do Estado democrático de direito. Em resumo, o pior do legislativo, o mais podre do Executivo e o temor do Judiciário.
A insuspeita unanimidade, num colegiado que vem se dividindo nos últimos anos em quase todas as decisões, no entanto, não consagra uma realidade dos fatos, mas o simulacro de um projeto. O criminoso, na verdade, não é o ventríloquo patético, mas o dono da voz e dos valores professados na fala divulgada nas redes: o presidente Jair Bolsonaro. Onde se lê Daniel, entenda-se Jair.