A “terra dos papagaios”
e do brasil – o século XVI
por Adriana Lopez (Historiadora)
Em agosto de 1501, o rei de Portugal, Manuel I, enviou a seus sogros, os reis de Castela e Aragão, um relato minucioso sobre a viagem realizada pela segunda armada enviada à Índia pela rota do Cabo. Nessa longa carta, Manuel I faz rápida menção ao achamento de uma terra no hemisfério austral “mui conveniente e necessária à navegação da Índia”. Pouco mais de um ano após o retorno da naveta comandada por Gaspar Lemos, trazendo a notícia do achado e do reconhecimento de mais de 150 léguas de costa no oeste do Atlântico Sul, oficializava-se a posse dos novos territórios. Uma aura de sigilo a escondia: o rei português havia proibido a divulgação de mapas que revelassem sua localização, sob pena de morte.
Após o retorno da armada do Oriente, a notícia logo ganhou os principais portos europeus. Por volta de 1503, começa a circular em Paris, em italiano, uma versão alterada da carta Novus Mundus, originalmente escrita pelo agente comercial florentino Américo Vespúcio, na qual se dão a conhecer as primeiras notícias a respeito das novas posses do rei de Portugal. A correspondência enviada por espiões venezianos e representantes de casas comerciais italianas em Lisboa alude com frequência ao descobrimento da “terra dos papagaios”.