Eu desejo desejar menos. Para encontrar a paz e a realização no que é essencial. Para apreciar a beleza das cores que me envolvem. Nosso espírito está constantemente a nos proteger de alcançar coisas que não são úteis ao nosso progresso e que obscurecem a essência. Um grande desafio desta experiência terrena é despertar a Vontade e, ao mesmo tempo, acalmar o ímpeto dos desejos. A Vontade emana da nossa centelha divina, da luz que clareia os passos. Ela purifica os desejos incessantes até que eles se harmonizem com a nossa busca pelo que é Eterno.
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A verdadeira percepção espiritual só pode ser obtida por meio da atenção plena, que leva ao esforço correto. É preciso parar de correr, escutar as nossas verdadeiras necessidades e observar para onde estamos direcionando a nossa energia. Algumas pessoas passam uma vida imersas no desejo ou na aversão. Querem algo ou não querem algo. Dificilmente conseguem se manter tranquilas na suficiência do momento presente. O excesso de ansiedade e de avidez acaba nos privando de alcançar aquilo que pode nos preencher com a satisfação profunda e duradoura.
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A Vontade é a força enérgica da alma e nos conduz à libertação. Os desejos, quando não são inspirados pela Vontade, nos aprisionam. Nos acostumamos a caminhar movidos pelos desejos, mas cada vez mais distantes das aspirações da alma. Às vezes, é preciso parar de procurar para encontrar o que realmente buscamos. É quando a divina Vontade prevalece e nos leva montanha acima, nutrindo-nos com paciência, sabedoria e constância. Abrimos espaço para criar inspirados pela luz radiante da consciência.
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Todos os dias, temos a oportunidade de estabelecer metas mais elevadas e de canalizar o nosso infinito poder criador para manifestá-las. Os desejos continuarão a nos acompanhar por aqui. Mas, alinhados com a Vontade do Espírito, a nossa joia mais pura, eles passarão a nos servir, e não o contrário. Desejaremos ardentemente o que sacia a nossa sede por amor, união e eternidade. Abrigados no coração do aprendiz, Vontade e desejo destroem os muros da ilusão e erguem os palácios da transcendência.
Felipe Rocha