Me Curar de Mim - Flaira Ferro
Sou a maldade em crise
Tendo que reconhecer
As fraquezas de um lado
Que nem todo mundo vê
Fiz em mim uma faxina e
Encontrei no meu umbigo
O meu próprio inimigo
Que adoece na rotina
Eu quero me curar de mim
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim (refrão)
O ser humano é esquisito
Armadilha de si mesmo
Fala de amor bonito
E aponta o erro alheio
Vim ao mundo em um só corpo
Esse de um metro e sessenta
Devo a ele estar atenta
Não posso mudar o outro
Eu quero me curar de mim
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim (refrão)
Vou pequena e pianinho
Fazer minhas orações
Eu me rendo da vaidade
Que destrói as relações
Pra me encher do que importa
Preciso me esvaziar
Minhas feras encarar
Me reconhecer hipócrita
Sou má, sou mentirosa
Vaidosa e invejosa
Sou mesquinha, grão de areia
Boba e preconceituosa
Sou carente, amostrada
Dou sorrisos, sou corrupta
Malandra, fofoqueira
Moralista, interesseira
E dói, dói, dói me expor assim
Dói, dói, dói, despir-se assim
Mas se eu não tiver coragem
Pra enfrentar os meus defeitos
De que forma, de que jeito
Eu vou me curar de mim?
Se é que essa cura há de existir
Não sei. só sei que a busco em mim
Só sei que a busco
Link do vídeo com a Flaira => www.youtube.com/watch?v=fGx9MW52lbE
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“Isso foi muito arrebatador pra mim porque eu vi que através da arte eu estava acessando as pessoas num lugar um pouco mais profundo do que já tinha vivido até então.
E isso passou a fazer muito mais sentido pra mim enquanto artista. A motivação agora não era mais ser aplaudida, nem o deslumbramento e a ilusão que o palco traz, mas sim a conexão de fato com a minha verdade, que automaticamente vai ressoando com a verdade das outras pessoas que buscam uma escuta verdadeira.
E nesse processo, o que ainda é muito novo pra mim, ei tirei algumas conclusões e uma delas é a de que eu encontrei na minha fragilidade a minha força, descobri que a tristeza e as dores, elas podem ser otimizadas, porque elas são verdadeiros antídotos para a hipocrisia. Descobri que querer mudar é viver constantemente num exercício de humildade porque a gente vive num mundo que se estimula a competição, o individualismo, a vaidade.
Então querer mudar é ir contra isso diariamente e contra as nossas próprias sombras.
E percebi que ter consciência das nossas sombras é ter liberdade de escolha para conduzir os pensamentos, para conduzir as relações ao nosso redor.
Hoje, para mim, faz muito mais sentido, pensar numa arte que tenha um caminho altruísta, inclusivo e que é a ideia daquela frase: “sozinho a gente vai mais rápido, em grupo a gente vai mais longe.”
E é esse longe que hoje me interessa enquanto artista e acredito que através da arte a gente pode sim convidar mais pessoas a repensarem como que tem conduzido as suas escolhas até aqui. Pra gente se despir, de fato, de todas as máscaras que a vida vai colocando e que a gente vai absorvendo. E se conectar, de fato, com o que a gente é de verdade.
Eu quero me curar de mim..."
Flaira Ferro