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Description

Aqueles que correm demais perdem a apreciação das paisagens. Aqueles que buscam demais não encontram. Até que decidam agir com naturalidade, sob a guiança serena da essência. Sem aguardar recompensas ou resultados. Acalmando a tensão dos opostos e a agitação da mente, alcançamos a reconciliação com a paz profunda do Eterno. Talvez o Caminho nos convide a fazer menos, para que as coisas se façam por elas mesmas. Somente o coração transparente e tranquilo pode nos apontar a melhor direção. Quando se cala o querer, o que nos sobra? O que é essencial.



Livrem-se do esforço exaustivo associado aos desejos e às paixões... Movam-se no ritmo sereno da Natureza, conduzidos por aquele balanço perfeito e constante do mar que se move tão espontaneamente, sem precisar pensar em fazê-lo. Abandonem o esforço artificial e se aproximem do movimento natural, aquele desprovido do peso do querer. Há uma força harmoniosa que conduz todas as coisas ao seu porto de chegada. Uma corrente de ar que percorre o seu caminho entre as montanhas e que repousa no coração de quem aprendeu a ler a poesia do Espírito.



Valorizem o repouso entre cada passo. Abandonem a pressa, a ansiedade e as expectativas. Tudo isso gera ruídos que nos impedem de escutar a sublime melodia do silêncio. Voltem o rosto para a eternidade e as coisas transitórias vão se ajustar com mais suavidade, sem tanta interferência ou preocupação. Confiem no fluxo, unam-se a ele. Pois o controle é um labirinto sem saída. Observem o curso da sua natureza interna e entreguem-se aos bons ventos da providência. Deixem que o Vazio devolva a quietude ao Templo.



Coragem mesmo é se entregar, sem medo, aos desígnios do Mistério. Quando acalmamos a ânsia dos desejos, nossas ações geram frutos mais maduros e saborosos, inspiradas pela disposição enérgica do espírito. Encontramos o ponto de equilíbrio entre a angústia e a euforia, o lugar onde tudo se realiza. Compreendemos que a vida deve seguir o seu curso e seguimos com ela, confiantes e pacientes. Nossos olhos não se perdem mais em horizontes distantes. Repousam na imensidão do Ser. Ali, tudo é belo. Tudo É.

Felipe Rocha