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Description

"Querido amigo, não sei mais se estou livre, ou só perdido. Você sabe que tenho essa mania de liberdade, mas agora, está tudo tão confuso. Talvez o que eu chamava liberdade fosse só um reflexo do modo tempestuoso como ajo. Mas Carlos, mais do que nunca me sinto só, e pensei que talvez você pudesse entender. Quer dizer, é diferente porque sua solidão é voluntária e isso te deixa feliz... a minha é um castigo, auto infligido, as vezes. Só as vezes, na maioria do tempo não é opcional. Mas bem, o que eu chamava liberdade, hoje me pareceu falta de rumo, me sinto um barquinho que abandonou o porto no meio de uma tempestade, e agora não há mais como voltar. Nem prosseguir. Estou boiando solitário no olho do furacão, e deus observa passivo enquanto me perco no mar. Quando isso passar, serei outro, não sei para que propósito: se para o costume na solidão; se para o esgotamento; uma pessoa amarga, mas estável; ou feliz comigo mesmo, talvez. Quando tudo isso passar" (Dea Dória).