Em Isaías 64 o profeta parece enfrentar um dilema: ele deseja que o Senhor finalmente se manifeste como fez na antiguidade, rasgando o Céu e sendo visto aos olhos de todos: "Oh! Se fendesses os céus e descesses! Os montes tremeriam na tua presença".
Isaías reconhece que não há nenhum outro deus fora o Senhor, que assim trabalhe para aqueles que nEle esperam. Declara que o Senhor vem ao encontro daqueles que com alegria praticam a justiça e andam nos Seus caminhos. Mas aí está um problema para Isaías, e para nós: o próprio profeta reconhece que somos todos terríveis pecadores; logo, não somos merecedores de que o Senhor nos visite. "Como seremos salvos?" Indaga Isaías.
Na sua reflexão sincera, Isaías, apesar de profeta, inclui-se junto conosco ao dizer: "todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". São duas expressões fortes demais. Imundo era o termo aplicado aos leprosos, da doença que aos poucos apodrecia o corpo até à morte. E compara nossas justiças, como trapo da imundícia - quando não existiam absorventes, "trapo da imundícia" era o pano que as mulheres usavam para estancar a menstruação.
Por isso, o profeta termina o capítulo com um clamor. Conhecendo o amor de Deus, Isaías se humilha diante do Senhor clamando por sua misericórdia: "Nós somos barro e tu Oleiro". É como se ele pedisse: nos refaça, Senhor! Jesus está vindo; rasgará os Céus e os montes tremerão na sua presença. Mas se esse era o clamor de Isaías, qual será o nosso?
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