“Se vive assim, abrigado, em um mundo delicado, e se crê que se vive. Então se lê um livro (Lady Chatterley, por exemplo), ou se sai de viagem, ou se fala com Richard, e se descobre que não se vive, que somente se está hibernando. Os sintomas da hibernação podem ser detectados facilmente. O primeiro é a inquietude. O segundo sintoma (que chega quando o estado de hibernação começa a ser perigoso e poderia degenerar em morte), é a ausência de prazer. Isso é tudo. Parece uma enfermidade inócua. Monotonia, aborrecimento, morte. Há milhões de pessoas que vivem (ou que morrem) assim, sem sabê-lo. Trabalham em escritórios. Têm carro. Saem ao campo com sua família. Educam seus filhos. Até que chega uma brusca comoção: uma pessoa, um livro, uma canção e desperta a todos e os salvam da morte.
Alguns se quedam dormidos para sempre. São como aquele que dormiu estendido sobre a neve e nunca mais despertou. Mas eu não corro perigo, porque minha casa, meu jardim, minha agradável vida, não conseguem arrulhar. Sei que estou em um bonito cárcere do qual somente poderei fugir escrevendo”.
- Anaïs Nin.
“Diario I (1931-1934)”
Tradução para o espanhol de Enrique Hegewicz
Editorial Plaza & Janés
Prefácio poético
Frontera [Francisca Aguirre] – Francisca Aguirre – voz
Trilha sonora
Solitude
Losar
Unus Mundus
[Joep Beving – World Piano Day 2022]
Foto de capa
Antonio López – Cuerpos y flores