Se estiro o braço, chego à ponta dos teus dedos: isso é amor. Quando te encurralarem a vida e suas penas, recorda que sempre haverá a noite para que fujas ou te escondas, enquanto o tempo lima as feridas sempre chegará a noite; me encanta quem elege com esmerada cautela as palavras que não diz. O amor não consiste em se morrer por alguém, nem que morram por ti; o amor é saber, sem nenhuma estofa de dúvida, que em qualquer momento, a qualquer hora, em quaisquer circunstâncias, podes contar com alguém; assim, pois, o amor é simplesmente essa pessoa que consegue que os fantasmas do passado deixem de atormentar, que de uma vez por todas possas perdoar e perdoar-te. O amor é tu sendo tu. Sem medo de ser rechaçado por isso. Não sei como explicar, mas de repente um dia já estavas tão dentro de mim que era impossível não sentir o amor; um dia, dei-me conta de que meus latidos já soavam a ti e queria dedicar-te um par de canções; sentia as ganas de encher-te de beijos pelas noites, de viver insônias ao teu lado e de viajar juntos a algum povoado retirado. De pronto, queria que fizesse frio para abraçar-te, que me contasse cada um dos seus sonhos para ajudar-te, e que a vida fosse mais duradoura na permanência do seu desfruto. Talvez, nessa ocasião, foi o lanço quem nos pôs de frente; mas daqui por diante, ainda que me pusessem mil caminhos para escolher, sempre elegeria aquele que cruzara com o teu.
Para Gabi.
Trilha sonora
Willmine (Federico Albanese)
Silenzio (Federico Albanese)
Le Jardin de Monsieur Monet (Stephan Moccio)
Foto de Capa
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