Nem sempre abrimos o coração; em ocasiões, as coisas adentram por uma ferida, uma fenda sulcada na carne. Arrisco viver à comissura do intenso, do instável, da inefável entrega emocional para depois chorar, ao invés de carregar a angústia de uma quietude que pôde ser tudo e que sáfara se convertera em nada. Não me fui ao não ver flores, não me abandonei ao não encontrar saídas à antessala da solidão. Não me traí ao romper, não ruí ao temer. Quedei comigo, muito além de mim, me suportei, permaneci. Surgiu o fogo. Fui pedra do meu tropeço, fui abismo da caída, fui espinho na ferida. Entendo que não possas compreender. Minha solitude não é o que a ti se faz ausente, faltante. Têm distinto rosto, distinto tato, distinto odor. Onde tu vês uma horrível forma de passar as horas, eu comtemplo um bom lugar para viver. Avanço contra todos os prognósticos, com erros parcos, manias e tormentas, por vezes tocando o céu a beijos e outras vezes com um par de medos na alma; retorno confidente, quedo para sempre a defender o amor sem importar as circunstâncias.
Trilha sonora
Arrival [Mark Korven]
Waves [Vetle Nærø]
Teil I [Kjartan Sveinsson]
Posfácio sonoro (Finale)
The Sumburgh Foghorn [Scotland]