O que ninguém nos diz é que um dia seremos felizes e no dia seguinte vão nos tirar essa sensação sem nos dar nenhuma explicação. Será em vão, certamente. Que vais desejar passar três dias consecutivos debaixo do edredom porque afora faz um frio enregelante e as pessoas parecem uma das viagens mais perigosas desse mundo. O que ninguém nos diz é que te verás ridículo em ocasiões em que os ridículos estão sendo eles, que mandarás gente, por inércia, à merda e te arrependerás exatamente cinco segundos depois de tê-lo feito. Que não existem príncipes que te façam princesa de um conto infinito, que isso é alguma canção de algum gênio que também usou ataduras para um coração partido e se curou, nada mais. O que ninguém diz é que um dia bloquearás certa pessoa, nomearás sua mãe em um tono malsonante por desabafo, que também sentirás coisas indescritíveis quando o caminho da rotina agarrar de imprevisto nossa mão. Ninguém nos diz que os amigos nos falharão de repente, sem explicação, e teremos que aprender a relativizar muitas coisas para sair com as feridas da pele e do coração ilesas. Que aqueles que estão mais longe, às vezes, são os que estão mais perto. O que ninguém nos diz é que teremos que ir a campo, ao jogo de batalha e que, afinal, saberemos atirar e também cobrar o pênalti decisivo.
Música: Desacompanhado (Guinga) violão 7 cordas Yamandu Costa.
