Ouvimos aqui Hugo Dunkel, especialista em cultura alimentar, e para quem (como a Claude Lévi-Strauss) a comida cria cultura. Conta-nos como sente ter crescido numa monocultura, numa hegemonia de ideias, e da sua procura pela diversidade cultural e social, através dos alimentos, seus potenciadores. Para alguns, Hugo é uma pessoa “que fermenta”, e neste episódio, escutamos o seu papel transformador na interpretação da paisagem e sua fauna e flora, durante uma caminhada pela Bordeira, e do seu impacto na cultura e indústria alimentar.
Aconteceu no dia 20 de setembro de 2020, em Aljezur.
BIOGRAFIA
Hugo Dunkel nasceu no Porto em 1986. Formou-se em diversas áreas: Design de Produto, Alimentos Fermentados, Agricultura Biodinâmica, Permacultura e Nutrição Ortomolecular. Trabalha em programação e produção cultural na criação discursiva, crítica e experimental, principalmente sobre questões alimentares. É um apaixonado pela natureza, pelo pensamento ecológico, pelo movimento e pela fermentação, temáticas que povoam o seu trabalho.
TEMA
No árido mato brotam self-made-guts: alambiques de merda, barricas solitárias de destilação fecal. Que tal uma cosmologia microbiana: caminhamos em uníssono no silêncio da paisagem. Movimento, ingestão, incubação, fermentação, transformação, assimilação, incorporação, excreção, composto. Pele de fora e pele de dentro – somos, de microorganismos, um contínuo infinito que digere. Reivindicamos a soberania digestiva!
Edição de som: Rémi Gallet