Nesses dias, andei a me encharcar de Paris. Uma cadeia de acontecimentos levou-me a esse estado. O mote foi a leitura de algumas cartas do escritor argentino Julio Cortázar publicadas na revista Piauí, com uma envolvente apresentação do crítico David Arrigucci Jr. Já disse antes que gosto de ler cartas? Em geral são textos reveladores daqueles raros momentos de descuido em que a espontaneidade sufoca a razão e o sentimento abre espaço para a pureza das palavras. Pois essas virtudes estão lá nas missivas de Cortázar endereçadas aos seus entes queridos deixados em Buenos Aires. Só que ele não escreve de qualquer lugar, mas de Paris, por quem se apaixonou, ora vejam, sem a menor das resistências.