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Leitura da carta do Papa São João Paulo II às famílias: Gratissimam sane, Ano da Família, 1994. Capítulo 1, "As duas civilizações", §13.

"Queridas famílias, a questão da paternidade e da maternidade responsável insere-se na temática global da «civilização do amor», de que desejo falar-vos agora. De quanto ficou dito, resulta claramente que a família está na base daquela que Paulo VI designou como «civilização do amor» (33), expressão que entrou depois no ensinamento da Igreja e se tornou já familiar. Hoje é difícil pensar numa intervenção da Igreja, ou então sobre a Igreja, que prescinda da referência à civilização do amor. A expressão está ligada com a tradição da «igreja doméstica» do cristianismo nos seus primórdios, mas possui uma precisa referência também à época contemporânea. Etimologicamente o termo «civilização» deriva da palavra latina civis (cidadão), sublinhando a dimensão política da existência de cada indivíduo. Todavia o sentido mais profundo do termo «civilização» não é tanto político como sobretudo «humanístico». A civilização pertence à história do homem, porque corresponde às suas exigências espirituais e morais: criado à imagem e semelhança de Deus, ele recebeu o mundo das mãos do Criador com o compromisso de o plasmar à própria imagem e semelhança. Precisamente do cumprimento desta tarefa provém a civilização, que, em última análise, não é senão a «humanização do mundo».

Portanto, civilização tem, de certo modo, o mesmo significado que «cultura». Assim poder-se-ia dizer também: «cultura do amor», embora seja preferível ater- -se à expressão tornada já familiar. A civilização do amor, no sentido actual do termo, inspira-se nas palavras da Constituição conciliar Gaudium et spes: «Cristo (...) revela plenamente o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime» (34). Por isso pode- -se afirmar que a civilização do amor parte da revelação de Deus que «é amor», como diz S. João (Jo 4, 8.16), e aparece magistralmente descrita pelo apóstolo Paulo no hino à caridade da Primeira Carta aos Coríntios (13, 1-13). Tal civilização está intimamente conexa com o amor «derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi concedido» (Rom 5, 5), e cresce graças àquele cultivo constante de que fala tão incisivamente a alegoria evangélica da videira e dos ramos: «Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Toda a vara que em Mim não dá fruto, Ele corta-a, e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto» (Jo 15, 1-2)".

Texto completo: https://falachicopodcast.com.br/playlists/gratissimam-sane-1994

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Fala, Chico! é um podcast dedicado à leitura de cartas, encíclicas, exortações e homilias dos Papas e textos da Tradição da Igreja Católica, produzido, editado e apresentado por Eugênio Telles.

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