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Leitura da carta do Papa São João Paulo II às famílias: Gratissimam sane, Ano da Família, 1994. Capítulo 1, "O amor é exigente", §14.

"Aquele amor, ao qual o apóstolo Paulo dedicou um hino na Primeira Carta aos Coríntios — aquele amor que é «paciente», é «benigno», e «tudo suporta» (1 Cor 13, 4.7) — é, sem dúvida, um amor exigente. Mas nisto mesmo está a sua beleza: no facto de ser exigente, porque deste modo constrói o verdadeiro bem do homem e irradia-o também sobre os outros. Na verdade, o bem, diz S. Tomás, é por sua natureza «difusivo» (36). O amor é verdadeiro, quando cria o bem das pessoas e das comunidades, cria e dá-lo aos outros. Somente quem, em nome do amor, sabe ser exigente consigo próprio, pode também exigir o amor dos outros. Porque o amor é exigente. É-o em todas as situações humanas; ainda mais o é para quem se abre ao Evangelho. Não é isso que Cristo proclama no «seu» mandamento? É preciso que os homens de hoje descubram este amor exigente, porque nele está o alicerce verdadeiramente firme da família, um alicerce que é capaz de «tudo suportar». Segundo o Apóstolo, o amor não é capaz de «suportar tudo», se cede às «invejas», se «se ufana», se «se ensoberbece», se «é inconveniente» (cf. 1 Cor 13, 4-5). O verdadeiro amor, ensina S. Paulo, é diverso: «tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1 Cor 13, 7). Um amor assim «tudo suportará». Actua nele a poderosa força do próprio Deus, que «é amor» (1 Jo 4, 8.16). Nele actua a poderosa força de Cristo, Redentor do homem e Salvador do mundo.

Meditando o capítulo 13 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, encaminhamo-nos pela via que, mais imediata e incisivamente, nos faz compreender a verdade plena acerca da civilização do amor. Nenhum outro texto bíblico exprime tal verdade de um modo mais simples e profundo que o hino à caridade.

Os perigos que gravam sobre o amor constituem uma ameaça também para a civilização do amor, porque favorecem quanto é susceptível de eficazmente a contrariar. Há que pensar, antes de mais, no egoísmo, não só no egoísmo do indivíduo, mas também naquele do casal ou, num âmbito ainda mais vasto, no egoísmo social, por exemplo de classe ou de nação (nacionalismo). O egoísmo, em todas as suas formas, opõe- -se directa e radicalmente à civilização do amor. Porventura significa isto que o amor se pode definir simplesmente como «anti-egoísmo»? Seria uma definição demasiado pobre e, em última análise, apenas negativa, mesmo se é verdade que, para realizar o amor e a civilização do amor, devem ser superadas as várias formas de egoísmo. Mais correcto é falar de «altruísmo», que é a antítese do egoísmo. Mas ainda mais rico e completo é o conceito de amor ilustrado por S. Paulo. O hino à caridade da Primeira Carta aos Coríntios permanece como a magna charta da civilização do amor. Ali não é questão tanto de simples manifestações (quer de egoísmo quer de altruísmo), quanto sobretudo da aceitação radical do conceito de homem como pessoa que «se encontra» através do dom sincero de si mesmo — dom que, obviamente, é «para os outros»: esta constitui a dimensão mais importante da civilização do amor".

Texto completo: https://falachicopodcast.com.br/playlists/gratissimam-sane-1994

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Fala, Chico! é um podcast dedicado à leitura de cartas, encíclicas, exortações e homilias dos Papas e textos da Tradição da Igreja Católica, produzido, editado e apresentado por Eugênio Telles.

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