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Leitura da carta do Papa São João Paulo II às famílias: Gratissimam sane, Ano da Família, 1994. Capítulo 2 - O Esposo está convosco,  "O nascimento e o perigo", §21.

"O breve relato da infância de Jesus refere-nos, de maneira muito significativa e quase contemporaneamente, o seu nascimento e o perigo, que Ele teve logo de enfrentar. S. Lucas reproduz as palavras proféticas pronunciadas pelo velho Simeão, quando o Menino foi apresentado ao Senhor no Templo, quarenta dias depois do nascimento. Fala de «luz» e de «sinal de contradição»; a Maria prediz ainda: «Uma espada trespassará a tua alma» (cf. Lc 2, 32-35). S. Mateus, ao contrário, detém-se nas ciladas tramadas por Herodes contra Jesus: informado pelos Magos, chegados do Oriente para ver o novo rei que devia nascer (cf. Mt 2, 2), Herodes sente-se ameaçado no seu poder e, depois da partida daqueles, ordena que sejam mortos todos os meninos de Belém e arredores, com menos de dois anos de idade. Jesus escapa das mãos de Herodes, graças a uma particular intervenção divina e à solicitude paterna de José, que o leva juntamente com sua Mãe para o Egipto, onde residem até à morte de Herodes. Tornam depois para Nazaré, a sua cidade natal, onde a Sagrada Família inicia o longo período de uma existência escondida, cadenciada pelo cumprimento fiel e generoso dos deveres quotidianos (cf. Mt 2, 1-23; Lc 2, 39-52).

De grande eloquência profética se apresenta o facto que Jesus tenha sido confrontado com ameaças e perigos, logo desde o nascimento. Ainda Menino, e já Ele é «sinal de contradição». Uma eloquência profética reveste também o drama das crianças inocentes de Belém, assassinadas por ordem de Herodes, que se tornaram, segundo a antiga liturgia da Igreja, participantes do nascimento e da paixão redentora de Cristo (50). Através da sua «paixão», elas «completam o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja» (Col 1, 24).

Assim, no Evangelho da infância, o anúncio da vida que de modo admirável se cumpre na ocorrência do nascimento do Redentor, aparece fortemente contraposto à ameaça à vida, uma vida que abraça na sua globalidade o mistério da Encarnação e da realidade divino-humana de Cristo. O Verbo fez-se carne (cf. Jo 1, 14), Deus fez-se homem. A este mistério sublime apelavam frequentemente os Padres da Igreja: «Deus fez-se homem, para nos tornarmos deuses» (51). Esta verdade da fé indica contemporaneamente a verdade do ser humano. Ela põe em destaque a gravidade de qualquer atentado à vida do menino no ventre da mãe. Aqui, precisamente aqui, encontramo-nos nas antípodas do «belo amor». Mirando exclusivamente ao prazer, pode-se chegar até a matar o amor, matando o seu fruto. Para a cultura do prazer, o «fruto bendito do teu ventre» (Lc 1, 42) torna-se, em certo sentido, um «fruto maldito»".

Texto completo: https://falachicopodcast.com.br/playlists/gratissimam-sane-1994

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Fala, Chico! é um podcast dedicado à leitura de cartas, encíclicas, exortações e homilias dos Papas e textos da Tradição da Igreja Católica, produzido, editado e apresentado por Eugênio Telles.

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