“Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas.” (Jeremias 18:3)
Uma entrega não se identifica com a palavra desistir, abandonar, cansar. O oleiro estava entregue à sua obra sobre as rodas. Rodas falam de tempo, de estações, de processos que junto com o oleiro construirão o vaso. E Ele não irá desistir. Ele não irá parar. Ele está entregue à sua obra e até que o vaso seja agradável aos seus olhos e ao seu propósito, “mil vezes” Ele irá refazer. Mais vezes Ele irá reconstruir. O oleiro não se importa com os cacos, com as rachaduras, com as quebras. Ele não é afetado pela fragilidade do barro. Ele se importa com o que jurou a si mesmo, e até que seu vaso seja profundo mas vazio de si, as rodas e suas mãos trabalharão nele. Até que seu vaso seja o projeto dos seus sonhos, até que reflita as marcas do seu amor Ele não levantará das rodas, nem sairá da olaria. O que o vaso pode fazer? Pra onde ele irá? Eu sou esse vaso. Seu amor está entregue em me construir e a cada manhã disposto a me restaurar. As rodas, ora giram intensas e ora giram lentamente. Eu me quebro diante delas várias vezes. O processo dói, mas eu O vejo sobre mim. Eu estou na roda mas Seus olhos de amor dizem que eu vou conseguir, que eu vou me tornar àquilo que Ele espera porque estou em suas mãos. Então, mais uma vez, Ele junta os pedaços e sua paixão faz recomeçar em minha estrutura sua obra mais perfeita. O Criador sobre seu vaso não se cansa, não se fatiga e por ele investe seus suspiros, sua vontade e assim, eu permaneço. Presa por amor nas mãos de um Deus que decidiu fazer de mim a coroa da sua glória e a beleza da sua criação. Quebrado ou inteiro, permaneça nas mãos do Oleiro.