Antes de começarmos a discutir a educomunicação no campo ético, é
interessante discutirmos a diferença entre ética e moral.
Ainda que no senso comum essas duas palavras acabem se sobrepondo
e, no fim do dia, sendo a mesma coisa, não se procede da mesma forma na
academia, onde esses conceitos são diferentes e têm maneiras distintas de serem
interpretados e vivenciados pelas pessoas.
Ambos, ética e moral, porém, têm uma raiz comum, já que julgam as
pessoas e as coisas com base em binômios como bem e mal, certo e errado ou
justo e injusto. Braga Jr. e Monteiro (2016), porém, nos fazem um alerta. Eles
dizem que os valores com os quais julgamos os certos e os errados não são
universais. Eles pertencem a um grupo de pessoas, a uma sociedade. Mais do
que isso, como já coloca Martin-Barbero (2015), esses julgamentos passam muito
pelas comunicações. A televisão hoje é um dos grandes balizadores dos conceitos
de certo e errado nas sociedades, bem como o rádio, o cinema e, mais
recentemente, a internet, com suas redes sociais. O que antes pertencia ao âmbito
da Igreja e da Escola, agora é também dividido pelos meios comunicacionais.
Ver, na televisão, o sofrimento de crianças famintas em alguma
comunidade africana, ou o desamparo de uma mãe que viu seu filho morrer com
uma bala perdida em uma grande capital brasileira nos dá um senso moral, uma
indignação que, se passada à ação, pode ser chamada de consciência moral, que
nos leva a agir em nome de uma atitude correta. Mas, como diz Chauí (2010),
essa atitude “correta” é correta para a minha sociedade, para a moral que se
encontra incrustada na minha sociedade e que pode ser diferente ou até mesmo
contrária à de outras sociedades. Basta ver o tratamento dado às mulheres no
Brasil e no Irã, por exemplo.