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Texto e voz: Pra. Níssia Bergiante

[16/12/2020 – Devocional] Gênesis 43 + Ezequiel 32 + 1 Pedro 3 + Números 28:1-15

Esse texto de hoje é maravilhoso demais! Grandes lições podemos extrair. Escolhi dois detalhes.



A narrativa de Gênesis está em um momento crucial. Esses últimos capítulos nos apresentam como o povo de Israel vai parar no Egito. É o ponto chave para entendermos tudo depois. 



Neste trecho, Jacó está passando por um dilema: passar fome ou deixar que seus filhos mais velhos levem o seu caçula ao Egito. Na cabeça de Jacó, penso eu, o medo era de perder mais um filho. José, para ele, estava morto. Simeão havia ficado preso no Egito e agora Benjamim poderia ser o próximo. No capítulo anterior (42), Ruben havia feito uma oferta, dizendo que levaria Benjamim sob sua responsabilidade. Mas Jacó não havia aceitado.



Agora quem propõe é Judá. “Deixa ir comigo o menino”, ele diz ao pai. “Eu me torno responsável por ele, a mim pedirás conta dele”. E então Israel permite que Benjamim vá.



Fiquei pensando sobre isso. Rúben era o primogênito, ofereceu seus dois filhos no lugar de Benjamim, e Jacó não aceita. E agora aceita a proposta de Judá. Qual a diferença?



Penso que existem duas explicações muito interessantes. A primeira é que Judá já havia perdido dois filhos também, no episódio de Tamar, que comentamos há alguns dias, lembram? Ele, mais do que ninguém, entendia a dor de Jacó e o seu medo de perder Benjamim, porque Judá também teve medo de perder o terceiro filho, por isso não o deu em casamento à Tamar. 



Compreender a dor do outro gera esse sentimento de empatia e confiança. Gera identidade, o que favorece o relacionamento. Por isso Misericórdia é um dom, visto que sentir a miséria do outro com o nosso coração faz com que nos compadeçamos. Ao me colocar no lugar do outro, passa a lutar por ele não por pena, mas por amor e cuidado à situação que ele está enfrentando. Por isso Israel deixou Judá levar o Benjamim. Sabia que ele cuidaria de trazê-lo vivo, porque entendia a dor de perder um filho. 



A outra explicação é que havia uma questão profética redentora aí. Repare que em toda a parte inicial de Gn 43, não se fala em Jacó, mas sim Israel. Isso representa uma função espiritual, sendo bem delineada aqui. Quando Judá faz a proposta, quem responde não é Jacó e sim Israel, profeticamente.