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Description

O que acontece quando dois sóis percorrem o infinito? Essa viagem foi composta por dois corações e a quatro mãos. Neste episódio Vanessa Oliveira convida o amigo e poeta Lucas Oliveira @ascinzasdequarta para traçar o afeto em palavras simples e gigantes. 

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Você pode encontrar mais poesia bem aqui:

Vanessa Oliveira: https://www.instagram.com/vanessaescritora/

Lucas Oliveira: https://www.instagram.com/ascinzasdequarta/

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amor, ninguém quer voltar do infinito quando começa a percorrer dois sóis

(bem devagarinho)

mesmo que o horizonte seja essa linha que impede a gente de andar no céu

(neste caso, nadar no céu)

e que o conselho de Cartola seja “ouça-me bem amor, o mundo é um moinho. vai triturar teus sonhos, tão mesquinho”

estremeço só de imaginar tudo virando pó

e nós dois renascendo

nas cinzas de uma quarta-feira

amor, ninguém quer voltar do infinito quando começa a percorrer dois sóis

(Bem devagarinho)

E dança com o vento dos ciclos

e perde-se entre inícios

e vive a confundir finais e recomeços -

(já que alguns têm a mesma cara ao nascer)

Amor... lembra?!

Ninguém quer voltar do infinito...

E não o quer por medo de voltar ao que morreu,

por não saber mais caminhar em linha reta,

por medo da vida tornar-se um tanto mais cinza, sem festa.

(bem devagarinho)

amor, ninguém quer voltar do infinito quando começa a percorrer dois sóis

falo sem medo da contradição dos nossos moinhos

que tão imenso quanto o infinito é o que cabe dentro,

do mar dos olhos,

do universo da gente, sem reticências ou contenções.

Que ninguém me escute

E escutando, me perdoe.

Eu ainda escrevo por não esquecer os instantes

E por saber do pedágio que é a mania de lembrar

(do nosso pôr do sol)