Antes da colonização europeia, em todo o continente africano observamos atitudes muito diferentes e mais relaxadas em relação à orientação sexual e à identidade de gênero. Já em 2.400 aC, tumbas foram escavadas no antigo Egito com os corpos de dois homens Niankhkhnum e Khnumhotep se abraçando como amantes. Além de aceitarem relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, os antigos egípcios, semelhantes a outras civilizações da época, não apenas reconhecem um terceiro gênero, mas o veneram. Muitas divindades foram retratadas de forma andrógina, e deusas como Mut (a deusa da maternidade; tradução literal Mãe) e Sekmeht (deusa da guerra) são frequentemente retratadas como mulheres com pênis eretos.
Isso não era exclusivo do Egito ou deste período de tempo. No século XVI, o povo Imbangala de Angola possuía “homens em vestuário feminino, com os quais se mantinham entre as suas mulheres”. Em contraste, o rei Henrique VIII acabara de assinar a Lei de Sodomia em 1533 na Inglaterra, que criminalizava o sexo entre dois homens. Os últimos homens condenados à morte por enforcamento na Inglaterra foram em 1835 por praticar sexo homossexual; ao mesmo tempo, havia um monarca abertamente gay, o rei Mwanga II de Buganda (atual Uganda), que se opôs ativamente ao cristianismo e ao colonialismo.