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Festa da Apresentação do Senhor - "Este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição" - Lucas 2, 34.

«Meus olhos viram a Salvação» (Lc 2, 30): são as palavras de Simeão, que o Evangelho apresenta como um homem simples, um homem «justo e piedoso» (2, 25). Mas, dentre todos os homens que estavam no templo naquele dia, só ele viu, em Jesus, o Salvador. Que viu ele? Um menino; um pequenino, frágil e simples menino. Mas n’Ele viu a Salvação, porque o Espírito Santo lhe fez reconhecer, naquele terno recém-nascido, «o Messias do Senhor» (2, 26). Ao tomá-Lo nos braços, percebeu, pela fé, que n’Ele Deus cumpria as suas promessas. E assim ele, Simeão, já podia partir em paz: vira a graça que vale mais do que a vida (cf. Sal 63/62, 4), e nada mais esperava. Meus olhos viram a Salvação. Ao ver Jesus pequenino, humilde, que veio para servir e não para ser servido, Simeão define-se a si próprio servo. Na realidade afirma: «Agora, Senhor, segundo a tua palavras, deixarás ir em paz o teu servo» (2, 29). Quem mantém o olhar fixo em Jesus, aprende a viver para servir. Não espera que os outros comecem, mas vai à procura do próximo, como Simeão que procurava Jesus no templo. E onde se encontra o próximo, na vida consagrada? Antes de mais nada, na própria comunidade. Devemos pedir a graça de saber procurar Jesus nos irmãos e irmãs que recebemos. É aqui que se começa a praticar a caridade: no lugar onde vives, acolhendo os irmãos e irmãs com as suas pobrezas, como Simeão acolheu Jesus simples e pobre. Há muitos, hoje, que só veem nos outros obstáculos e complicações. Há necessidade de olhares que procurem o próximo, que aproximem quem está distante. Como homens e mulheres que vivem para imitar Jesus, os religiosos e as religiosas são chamados a tornar presente no mundo o olhar d’Ele, o olhar da compaixão, o olhar que vai à procura dos distantes, que não condena, mas encoraja, liberta, consola. Meus olhos viram a Salvação. Os olhos de Simeão viram a Salvação, porque A esperavam (cf. 2, 25). Eram olhos que aguardavam, que esperavam. Procuravam a luz, e viram a luz das nações (cf. 2, 32). Eram olhos idosos, mas brilhantes de esperança. O olhar dos consagrados só pode ser um olhar de esperança. Saber esperar. Olhando em redor, é fácil perder a esperança: as coisas que estão mal, a diminuição das vocações, etc. Paira ainda a tentação do olhar mundano, que aniquila a esperança. Mas olhemos o Evangelho e vejamos Simeão e Ana: eram idosos, viviam sozinhos e contudo não tinham perdido a esperança, porque estavam em contacto com o Senhor. Ana «não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações» (2, 37). Aqui está o segredo: não se afastar do Senhor, fonte da esperança. Tornamo-nos cegos, se não fixarmos o olhar no Senhor todos os dias, se não O adorarmos.

Fonte: 

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-02/integra-homilia-do-papa-missa-festa-apresentacao-senhor-templo.html

Imagem:

https://arquisp.org.br/liturgia/santo-do-dia/apresentacao-do-senhor

Composição: Keyboard Synthetyzer NordWave (arquivo pessoal).