O estado de graça e a Comunhão. "Probet autem seipsum homo; et sic de pane illo edat et de calice bibat." "Prove-se o homem a si mesmo antes de comer esse Pão e de beber esse Vinho." (I Cor 11,28). A Eucaristia é um pão de delícias. Para dele se participar, é preciso, primeiro estar vivo, isto é, em estado de graça. A condição essencial - primeira e única - é, portanto, a isenção de todo pecado mortal. Se o decoro quer também que estejamos livres do pecado venial, se quer piedade e virtudes, tudo isso é relativo. Ao religioso pede-se mais do que ao leigo, a quem vive só e retirado mais do que aquele sobre quem pesa a responsabilidade da família. Não tenhamos, portanto, quanto aos requisitos impostos para a Comunhão, nem receios exagerados, nem temores fúteis. Estais em estado de graça? Quereis aproximar-vos de Jesus, unir-vos a Ele? Vinde, pois! Se tiverdes virtudes, por elas glorificareis mais a Deus, e vossas disposições serão mais perfeitas. Mas, mesmo assim, quem jamais se poderá julgar inteiramente digno? A verdadeira virtude é aquela que acredita nada ter. Compete-vos, por acaso, o direito de pesar virtudes e qualidades para ver se mereceis comungar? Humilhar-vos bem e suspirar ardentemente é a melhor das disposições. Insisto, porém, muito, sobre a pureza da consciência, sem a qual o Pão da Vida se tomará para vós num pão de morte. A Eucaristia por si não dá a morte, todavia, se vossa alma, antes de a receber já estava morta, duas vezes mais estará depois. É o estado de graça que São Paulo pede ao dizer: "Que o homem, antes de comer o Pão divino, se prove a si mesmo". [...] Não nos esqueçamos, portanto, dessa condição essencial da pureza de consciência. A Igreja no-Ia inculca fortemente pela voz do Concílio de Trento e nos proíbe expressamente comungar se tivermos na consciência algum pecado mortal - seja qual for nosso arrependimento - sem primeiro nos confessarmos. Embora tal pureza não fosse exigida, o simples decoro no-Ia imporia. A Comunhão é um banquete. É o festim nupcial do Cordeiro. Jesus Cristo recebe-nos à sua Mesa e alimenta-nos com a sua própria Carne. É ao mesmo tempo conviva e festim. Poderíamos então apresentar-nos com porte indigno? Quem ousaria comparecer a uma festa com descuido no traje? Ninguém. Façamos, por conseguinte, por Nosso Senhor o que faríamos por qualquer pessoa. É um banquete real. Os Anjos que cercam seu Rei não se podem sentar à Mesa festiva, apesar de toda a sua pureza, e se a vós não é dada sua resplandecente alvura, deveis ter, pelo menos, a pureza de consciência que Jesus Cristo impõe como condição a quem se chega à sua Mesa. Conservar-nos puros, livrar-nos de todo germe possível de corrupção, tomar-nos transparentes e brilhantes, é o trabalho que nos cabe fazer na alma. É, ao mesmo tempo, o fruto da Comunhão e o meio de unir nossa alma a Jesus até que tal união se torne constante na terra, iniciando, assim, a união eterna que nos espera na glória.
Texto (créditos): O Santo Sacrifício. Livro: A Divina Eucaristia. Extratos dos Escritos e Sermões de São Pedro Julião Eymard. Volume 2. Fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento e das Servas do Santíssimo Sacramento. Distribuidora Loyola de Livros Ltda. Palavra & Prece Editora. Editora Missão Sede Santos. Com autorização do Instituto D.D. Servas do SSmo. Sacramento da Adoração Perpétua. Irmãs Sacramentinas. Taubaté. Estado de São Paulo. Pedidos às Irmãs Sacramentinas dos 5 Volumes do Livro: A Divina Eucaristia. Extratos dos Escritos e Sermões de São Pedro Julião Eymard - Rua Cons. Moreira de Barros, 258. CEP 12.010-080 - Taubaté (SP).
Trilha sonora (créditos): Instrumental Worship | Fundo Musical - EU NAVEGAREI - NOVO 2021. https://www.youtube.com/watch?v=Npq6m7_-W6M.
Imagem (créditos): https://saojosedaagonia.com/como-e-a-presenca-de-cristo-na-hostia-consagrada/