É quase um dever político de bom cinéfilo conferir "Medida Provisória" na telona. Um dos atores mais amados e respeitados do país, por seu talento e por sua batalha cotidiana contra o racismo, o baiano Luiz Lázaro Sacramento Ramos assume, definitivamente, a partir desta quinta-feira, com a estreia de seu esperado longa-metragem “Medida Provisória”, o papel de cineasta. Laureada com a Grande Prêmio do Júri no Festival do Rio de 2021, a distopia antirracista baseada na peça teatral “Namíbia, Não!”, de Aldri Anunciação, foi mundialmente badalada. Passou pelo Festival de Moscou e teve seu roteiro premiado em eventos em Huelva, na Espanha, e em Memphis, nos Estados Unidos, confirmando a potência de Lazinho – apelido do astro de 43 anos – como realizador. Duas décadas depois de sua estreia nas telas, com “Madame Satã” – cujo aniversário de 20 anos vai ser celebrado na próxima quarta, com sessão e debate no Estação NET Botafogo, às 20h30 -, Lázaro faz um inventário das cicatrizes racistas do Brasil com foco numa premissa irônica. Reunindo a escrita de talentos como Elísio Lopes Jr., Lusa Silvestre e o próprio Aldri, o roteiro decalcado do texto teatral se ambienta num futuro distópico em que o governo brasileiro decreta uma “medida” que obriga as populações negras do país a “voltarem” à África como forma de reparar as dores sofridas nos tempos de escravidão. Mas, na trama, advogado Antônio (Alfred Enoch); sua companheira, a médica Capitu (Taís Araújo), e seu primo, o jornalista André (Seu Jorge, numa atuação devastadora) decidem resistir.