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Protagonizado por Nikolaj Coster-Waldau, no papel de um policial em busca de vingança,  o thriller “Dominó” está há dois anos sem tela, confirmando uma maldição que se abateu sobre seu realizador: o mítico Brian De Palma. Dois outros longas-metragens rodados pelo cineasta americano de 80 anos permanecem inéditos aqui. Exibido no Festival de Rio de 2008, “Guerra sem cortes” (“Redacted”), um libelo contra a intervenção militar de Bush no Iraque, jamais foi lançado comercialmente nos cinemas brasileiros. O mesmo pode se dizer do suspense “Passion”, que concorreu ao Leão de Ouro de Veneza em 2012, mas até hoje permanece zero km no circuitão. O que expeliu um cineasta desse naipe do circuito?

Nascido em 11 de setembro de 1940, em Newark, Nova Jersey, Brian Russell De Palma, um estudante de Física, estreou como realizador em 1960, ao rodar o curta-metragem “Icarus”. Filho de um cirurgião, a quem acompanhou em muitas operações, De Palma rodou 35 filmes nas últimas cinco décadas. Dirigiu sete curtas entre 1960 e 1966, além de um videoclipe para Bruce Springsteen, desenvolvido a partir da canção “Dancing in the dark”. 

Na seara dos longas-metragens, contabiliza 31 produções, rodadas entre 1968 - quando debutou no formato, com “Murder à La mod” - e 2019 - quando “Dominó” entrou em cartaz em Israel e na Hungria. Avaliando-se tudo de bom que o diretor assinou, “Dublê de corpo” (1984), “Scarface” (1983) e “Carrie, a estranha” (1976) são considerados obras-primas em sua carreira, cujos maiores êxitos comerciais foram projetos de “encomenda”. Seus blockbusters: “Os Intocáveis” (1987), cujo faturamento beirou US$ 76,2 milhões, e “Missão: Impossível” (2006), que registrou uma arrecadação mundial de US$ 456,7 milhões.  

Controverso por excelência, classificado como misógino e voyeurista, De Palma foi, durante décadas, classificado como um pastichador de Alfred Hitchcock, até que uma retrospectiva realizada em 2002 no Centre Pompidou recontextualizou sua filmografia, buscando uma identidade autoral própria para além de suas referências. Em 2007, quando lançou “Guerra sem cortes”, usando elementos da linguagem digital retirados do YouTube, o cineasta declarou: “Hitchcock é o maior mestre da arte contar histórias a partir de imagens e se eu uso alguma referência de sua gramática esses elementos complexificam o que eu conto. Mas acho que hoje, após quase 50 anos como diretor, eu já tenho meus próprios métodos configurando um estilo”.   

Realizador de cults como “Os Fuzis” (1964), Ruy Guerra ganha uma retrospectiva de sua obra documental no Festival É Tudo Verdade, que vai de 8 a 18 de abril, reunindo uma leva de longas brasileiros inéditos em competição. 

Nas dicas: “Druk – Mais Uma Rodada”; “Os Maias”; “Nuevo Orden”; “Falcão e o Soldado Invernal”.