O que deve ser entendido corretamente, em um sentido metafísico, pela imortalidade da alma?
O termo sânscrito "ARMITA" se traduz literalmente como IMORTALIDADE, mas deve ser aplicado exclusivamente a um estado de estar acima de todas as mudanças e, consequentemente, a ideia de MORTE se refere a todas as mudanças: o exemplo da morte e renascimento no 1º grau é um exemplo, pois com a Iniciação entra-se numa nova POSSIBILIDADE, impossível na existência anterior, concluída com a superação das provas iniciáticas. O exemplo é ainda mais claro com uma referência à iniciação do 3º grau que não podemos tratar aqui.
No Ocidente, por outro lado, há o costume de considerar a morte apenas a conclusão definitiva da experiência terrena. Este hábito deriva claramente da influência do dualismo cartesiano, que exigia irremediavelmente a concepção do UNIVERSO neste mundo e no outro mundo.
A metafísica pura, por outro lado, concebe o Universo como uma série indefinida e hierárquica de mundos (ou seja, "estados" e não "lugares") e em que o nosso se insere sem ter maior ou menor importância que os outros, sempre sob uma perspectiva ou hierarquia.
É claro que somente nesta perspectiva, a ideia cristã de um “Juízo Universal” transposto para o fim dos tempos, adquire um significado muito preciso (e muito diferente do que fazemos atualmente).
Isso também esclarece uma clara distinção entre Místico e Iniciado: o Místico confunde Perpetuidade com Imortalidade. Para ser claro: para a metafísica, a imortalidade diz respeito à personalidade transcendente, enquanto para o sentido filosófico ocidental diz respeito à Individualidade Humana. Desenvolver a distinção entre Personalidade e Individualidade requer um estudo à parte, mas para evitar confusões tipicamente dualista-ocidentais, deve-se afirmar claramente que essas duas concepções não se contradizem ou se excluem, pois pertencem a duas ordens completamente diferentes. No Universo há lugar para todas as Possibilidades, desde que se saiba colocá-las em seu devido lugar. Elementos psíquicos e extensões do indivíduo podem permanecer ativos após sua morte. Esses elementos psíquicos podem ser incorporados a outro indivíduo, é o que afirmam os órficos e os pitagóricos, que chamaram esses eventos de "metampsicose".
Coisas semelhantes fazem parte dos ritos relacionados ao culto dos ancestrais na China e na Roma antiga ao culto dos Lares. Os Vedas, por outro lado, falam da Transmigração das Almas.
Tudo isso nada tem a ver com o conceito de reencarnação, como já se disse "teoria" nascida depois de 1848, então enriquecida no último quarto de século por ocultistas, teosofistas, neo-espiritualistas, etc..., que prevê o retorno, através de um novo corpo, para o estado em que já se encontrava.
A transmigração das almas no sentido védico, de fato, prevê a possibilidade de passagem para outros estados de ser, que nada têm a ver com a condição humana, exceto a posição ocupada na hierarquia dos múltiplos estados de ser. A única semelhança reside no fato de que, tratando-se de estados individuais, eles são necessariamente cobertos por uma forma, que, no entanto, não pode dar origem a qualquer representação espacial ou outra modelada mais ou menos na forma corpórea.
Quando se trata de transmigração é sempre uma mudança de fato, caso contrário seria migração.
Segundo a visão da metempsicose, o fato de que, após a morte do indivíduo, alguns de seus elementos psíquicos possam passar a outros seres vivos, homens ou animais, não é muito mais importante do que o fato de que, após a dissolução do corpo, elementos constitutivos do próprio corpo humano, servem para construir outros corpos: todos sabemos que a carniça são excelentes fertilizantes, que o óleo é feito de matéria orgânica transformada ao longo dos milênios, etc.
Tanto no caso dos elementos "psíquicos" quanto no caso dos elementos corporais, estamos falando de partes não imperecíveis do ser real, que não fica minimamente orbitado por essas mudanças póstumas. O que é impor