Sergio Leone- um maçom no velho oeste?
Por João Anatalino
Sinopse: Um assassino a soldo do proprietário de uma estrada de ferro extermina brutalmente uma família dona de uma fazenda em meio ao deserto, por onde deveria passar os trilhos. A fazenda é herdada por uma prostituta de New Orleans, com quem o chefe da família assassinada se casara. Quando ela aparece para tomar conta da herança sangrenta, o assassino passa a assediá-la para ficar com as terras. Ela acaba se envolvendo com dois misteriosos e soturnos pistoleiros que se tornam seus protetores contra a sanha do assassino e a ganância do empresário dono da estrada de ferro.
Será que o grande diretor de cinema italiano Sérgio Leone, idolatrado por Clint Eastwood, e popularizador do western spagueti, como ficou conhecido a série de filmes de faroeste produzidos na Italia nos anos sessenta, era maçom?
Provavelmente não era, pois não encontramos nenhuma referência a esse respeito nas biografias desse extraordinário cineasta, que nos legou uma mais vigorosas e interessantes filmografias de todos os tempos, criando uma forma inteiramente nova de fazer cinema e contar histórias, combinando fantásticas tomadas de imagem com uma sonoridade de tirar o fôlego, magicamente criada pelo maestro Ennio Morriconi.
Dizem que ele era comunista, e comunista, via de regra, odeia sociedades do tipo maçonaria, que eles consideram como um fruto do capitalismo selvagem e reduto da burguesia exploradora, já que a maçonaria sempre possuiu, e isso não podemos negar, um ranço de elitismo. Se for realmente assim, teria sido muito difícil colocar um avental de maçom no irascível e talentoso diretor italiano que deixou os velhos diretores de Hollywood com as calças nas mãos, ao transformar em verdadeiras obras de arte um gênero que eles já consideravam morto e enterrado.
A questão que nos leva a ligar Sérgio Leone á maçonaria aparece nos temas que ele desenvolveu em seus filmes, especialmente os faroestes, e mais destacadamente, o seu clássico “Era Uma Vez No Oeste”, seguramente um dos mais expressivos e emblemáticos filmes desse gênero que alguém já produziu.
Quem chamou a minha atenção para esse tema foi um Irmão que coleciona filmes clássicos. Por acaso ele também era o Mestre de Harmonia de uma Loja de minha cidade. Ao visitar sua Loja me encantei com as músicas que ele havia selecionado para a seção. Uma delas era o tema principal de “Era Uma Vez no Oeste.” Ao comentar com ele sobre a música, ele me disse que a estória desenvolvida nesse filme era bem maçônica. Em princípio tive certa dificuldade de ver o que o misterioso pistoleiro Charles Bronson, com sua gaita, e sua sede de vingança contra o bandidão Henry Fonda, que havia matado sua família (coisa que a gente só descobre no fim), tinha a ver com a maçonaria. E muito menos os demais personagens da história, a belíssima Cláudia Cardinale, prostituta dos bordéis de New Orleans, que vai para o Oeste para se juntar á sua nova família, sem saber que ela havia sido exterminada pelo bandidão Frank (o grande Henry Fonda). Nem o que tinha a haver com o inefável fora- da – lei Cheyenne, interpretado pelo excelente Jason Robards, que de bandido só tem a cara, pois no fundo ele se revela um bom caráter.