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A seita que influenciou o Cristianisno

Uma antiga e obscura comunidade religiosa judaica ganhou evidência nas últimas décadas por conta de uma possível relação com Jesus e seus ensinamentos. Pouco se sabe sobre os essênios ou a vida em sua sociedade secreta. Os escassos relatos sobre essa seita vêm de citações de três escritores da Antiguidade: o judeu Favio Josefo (37 – 100), o filósofo Filon de Alexandria e o romano Plínio, o Velho. Com a publicação de dois evangelhos apócrifos, descobertos no final do século 19 e na década de 1920, os essênios passaram a ser relacionados com Jesus. Tais evangelhos afirmavam, pela primeira vez, que Jesus havia sido iniciado nessa seita.

Possivelmente no século 2º, certos judeus que não aceitavam as práticas dos rabinos se desligaram deles e fundaram uma sociedade própria. Acreditando na dualidade entre o corpo e a alma e à espera de um messias, os essênios se dedicavam a cultivar as purezas física e espiritual e o ascetismo (filosofia que recomenda refrear os prazeres mundanos e estimular a austeridade).

Durante quase dois milênios, os essênios foram praticamente esquecidos. Mas, em 1880, o missionário irlandês nascido em Lisboa, Gideon Jasper Richard Ouseley (1835 – 1906), apre- sentou ao mundo sua tradução de uma antiga coleção de fragmentos cristãos que ele encontrou em um mosteiro budista no Tibete. Segundo Ouseley, o Evangelho dos Doze Santos tinha sido produzido por uma comunidade de essênios e escondido no Oriente para preservar aquelas informações. O texto estava em aramaico, a língua falada por Jesus.

Quarenta anos depois, em 1920, o húngaro Edmond Szekely, pesquisando os arquivos da Biblioteca do Vaticano, descobriu em meio a tantos evangelhos e manuscritos inéditos um texto chamado Evangelho Essênio da Paz. O livro teria sido escrito pelo apóstolo João e narrava passagens desconhecidas da vida de Jesus Cristo, apresentado ali como o principal líder dessa obscura seita judaica, os essênios. Szekely traduziu o texto e o publicou em quatro volumes, enfatizando a relação entre a sociedade essênia e Jesus.

Os textos divulgados por Ouseley e Szekely dividiram a opinião pública. A veracidade dos fatos contidos em ambas as traduções é questionada até hoje e, na época em que foram publicadas, valeram um ataque à casa de Ouseley – que acabou sendo incendiada – e a excomunhão de Szekely. No entanto, algumas décadas depois, a realidade dos essênios veio à luz, através de uma das maiores descobertas arqueológicas do século.

Em 1947, camponeses descobriram casualmente, escondidos em cavernas próximas a Qumran, no Mar Morto, Israel, 813 manuscritos redigidos pelos essênios entre 225 a.C. e o ano 68 da nossa era. Os pergaminhos revelaram ser as mais antigas cópias do Antigo Testamento, calendários e textos da Bíblia. Tratam-se dos famosos Manuscritos do Mar Morto, como os textos ficaram conhecidos. Perto das cavernas de Qumram, havia ruínas de um mosteiro essênio. Através dessas evidências, pôde-se conhecer mais a respeito desse grupo sectário.

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