Na Introdução ao capítulo anterior, o segundo desta série, falou-se sobre oferecer aos leitores informações importantes que reunidas proporcionariam uma ideia geral do Hermetismo e da Alquimia, seja do ponto de vista histórico, seja com respeito às influências oriundas dessas doutrinas que acabaram chegando até a Maçonaria e particularmente ao REAA. Em nenhum momento contestamos haver essa influência, ela existe sim, tanto que, na sequência procuraremos detectá-las de maneira a que fique mais evidente. Como vimos nas considerações que foram tecidas pelo Irmão John Tolbert, já quase ao final do segundo capítulo, esse tipo de conhecimento já circulava, digamos assim, no âmbito de Lojas que estavam enquadradas no período aquele onde a Maçonaria era a Operativa. Isso muda as teorias que vigoraram até então, pois, a influência pode ser muito mais antiga.
A história envolvendo o Hermetismo e a Maçonaria e as inspirações que a Maçonaria teria recebido dessa antiga doutrina, evidentemente, não ocorreram da noite para o dia, sendo fruto de um lento processo que teria começado a partir do século XIII, de acordo com o julgamento de alguns estudiosos. Então, à pergunta “Isso pôde ter ocorrido num período bem anterior ao que se supunha?”, podemos na sequência acrescentar esta outra: quem pode atestar peremptoriamente que não?
Na verdade, pelo que foi mostrado até aqui, o que temos de favorável às novas teorias que estão surgindo, é o que se pode chamar do período que deve ter sido “o mais propício” em relação à propagação dessa doutrina, sendo aquele que se estende desde o século XV ao século XVIII.
Nessa época, na Europa, o interesse pelo Hermetismo evoluiu bastante. Já havíamos feito um comentário sobre no início do século XV na Europa, onde havia muita curiosidade em relação a esse tipo de conhecimento, sendo que, foi ali que muitas figuras ganharam destaque naquele cenário, a exemplo de pensadores, teólogos e filósofos que se debruçaram de vez para estudar e traduzir obras antigas versando a respeito da teoria e da prática do hermetismo, além de que, pelo aferido, nem mesmo cristãos e membros da Igreja conseguiram ficar indiferentes à essa onda, tanto que, beberam muito dessas fontes, além de se tornarem responsáveis pela salvação de muitos textos relativos à essa doutrina que teriam tido um outro destino, ou seja, a destruição.
Num período onde, logo, logo, a Maçonaria passaria por grandes transformações e onde começariam a ser admitidos os “aceitos” (séculos XVI e XVII principalmente), como não comungar da ideia de que alguns desses Maçons aceitos (muitos deles filósofos, intelectuais, homens da ciência...) foram os que trouxeram para dentro da Maçonaria esse tipo de conhecimento, e sendo assim, acabaram ao longo do tempo inspirando com suas ideias os Rituais maçônicos?
Lembram quando citamos no capítulo anterior o nome de Giordano Bruno (1548-1600), um filósofo, cosmólogo e mago ocultista italiano? Pois, ele foi um dos grandes difusores do Hermetismo, tendo produzido uma obra influente neste sentido, conforme o Irmão Da Camino. E além dele, poderíamos citar também Francis Bacon (1561-1626) que também foi filósofo, cientista e Maçom, conforme as pesquisas neste sentido efetivadas por Robert Lomas. Também, um dos fundadores da Royal Society, sendo que, com relação sobre esta sociedade falaremos mais adiante, já que a sua importância nos primórdios da Maçonaria Especulativa é reconhecida pelos estudiosos. Vejam que, Giordano Bruno e Francis Bacon foram praticamente contemporâneos, ainda que tenham vivido em países diferentes, mas, eles são bastante famosos ou os mais conhecidos, digamos assim, mas, havia outros tantos.