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Texto e pesquisa Bruno Ribeiro

Com as raízes fincadas em solo tupiniquim, a Maçonaria teve papel decisivo no processo de independência do país.

Há quem diga que o maior segredo da Maçonaria é, justamente, não ter segredo algum. Mas, convenhamos: mesmo com mistérios atados pelos juramentos impostos aos maçons, é impossível ignorar as teorias que envolvem práticas ocultas, favorecimentos e jogos de interesses. Verdades ou lendas, a complexidade por trás da sociedade secreta foi capaz não somente de consolidá-la ao redor do mundo, mas também de exercer influência nos campos político, social e religioso – no Brasil, a história não foi diferente.

Ainda sob jugo lusitano, a fraternidade alcançou terras tupiniquins nos idos finais do século XVIII, integrando-se à efervescência intelectual de grupos essencialmente aristocráticos de uma região vasta e tipicamente colonial. Em meio ao Ciclo do Ouro na região das Minas Gerais, surgia um círculo social que não possuíam os mesmos vínculos com a terra como os senhores de engenho.

Simultaneamente, nasciam comércios, teatros e toda uma relação de maior proximidade com questões culturais que praticamente inexistiram no Brasil antes deste período. Porém, a organização em lojas regulares – e a consequente atuação em episódios históricos como a independência – só se daria no raiar do século XIX.

Organização

A loja maçônica Reunião é considerada a primeira no Brasil, criada em 1801, no Rio de Janeiro. É importante ressaltar que, bem como a Inconfidência Mineira, outros movimentos de contestação à dominação portuguesa e à estrutura política, social e administrativa da colônia baseadas ainda no Antigo Regime também estão de algum modo ligados à Maçonaria e seus membros. Os irmãos, como se chamam entre si, estiveram presentes em eventos importantes tais quais a Conjuração Baiana (1798-1799), a Revolução Pernambucana (1817), a Confederação do Equador (1824) e a Revolução Farroupilha (1835-1845).

Do ponto de vista organizacional, não existiam ainda partidos políticos, mas facções ou tendências. O “partido brasileiro” ou dos “patriotas”, por exemplo, era infiltrado pela Maçonaria. No clima das Luzes, a Razão “iluminaria” as sombras criadas pelo absolutismo e, nesse sentido, era instrumento útil no processo de libertação colonial.

Não por acaso, os autores Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota contam no livro História do Brasil: Uma Interpretação que “Francisco de Miranda, considerado o precursor da independência da América Latina, e o capixaba Domingos José Martins, líder da insurreição nordestina de 1817, encontraram-se em Londres para conspirar com o militar português Gomes Freire de Andrade, líder do levante em Portugal”.

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