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A psicanálise, por valorizar uma clínica na qual o sujeito é o protagonista que transmite um saber sobre o seu sofrimento, deixa de lado diagnósticos que enquadram e silenciam o sujeito, por outro lado, a psicopatia não coincide com nenhuma das entidades nosológicas da clínica estrutural (neurose, psicose e perversão), o que torna ainda mais difícil a sua operacionalização.

A canalhice não é um diagnóstico como a psicopatia, e a psicanalise vai discorrer sobre ela, havendo duas menções pontuais ao “canalha” e à “canalhice” em elaborações lacanianas.

Embora a possível associação entre o psicopata e o canalha não seja, por si só, evidente, são figuras nas quais é possível entrever um parentesco.

O psicopata, tal como o canalha, tem a capacidade de, ao ocupar o lugar de grande Outro, mandar sobre o desejo e o gozo do pequeno outro. Nesse ponto, Lacan vai marcar um limite para a psicanálise, alertando aos psicanalistas que a psicanálise é uma prática na qual a impossibilidade também está incluída, sendo o canalha um grande exemplo dessa limitação.

No livro estou falando com as paredes, e na entrevista Televisão Lacan faz referência ao canalha. Ele fala disso numa discussão a respeito dos quatro discursos – o discurso do mestre, da histérica, da universidade e do psicanalista – e aí, chega a dizer que haveria quase que um quinto discurso que, ainda que não tenha sido trabalhado por ele como os quatro já citados, parece-lhe bastante relevante: o discurso do canalha.

Lacan, de modo categórico, afirma que não devemos aceitar um canalha em análise.