O Ministério da Saúde diz que 721 mulheres morreram pela prática do aborto entre 2009 e 2018 no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) registra 535 internações diárias por aborto no país que estabelece pena de um a três anos de reclusão para a mulher que recorrer ao procedimento, salvo casos de estupro, risco de morte para a gestante e anencefalia fetal. O racismo estrutura a sociedade e com a saúde não é diferente: mulheres negras são as que mais morrem tentando interromper uma gravidez. A taxa de óbito entre negras é de 5 a cada 100 mil nascimentos em comparação com 3 mortes registradas entre mulheres brancas. Enquanto o assunto avança em países como a Argentina, que legalizou o procedimento até a 14ª semana de gestação, o aborto segue sendo tabu no Brasil. Para entender o peso do machismo, desigualdade social, do racismo e do domínio de correntes religiosas na decisão do destino das mulheres, o Prosa conversou com as advogadas Cláudia Luna e Ingrid Leão, com a médica ginecologista e obstetra Maysa Teotônio e a membra do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, Tábata Tesser.