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O Primeiro é o João Franciso mais conhecido como Madame Satã; nasceu em Pernambuco em 1900. Teve uma vida difícil, foi entregue pela mãe a um fazendeiro aos oito anos de idade. Por meses, trabalhou em condições análogas à escravidão; logo, conseguiu fugir e foi ao Rio de Janeiro, onde, coincidentemente, também trabalhou forçadamente. Fugindo mais uma vez de um outro adulto irresponsável, João, acabou na marginalidade das ruas da lapa do Rio de Janeiro onde furtava para sobreviver. Quando adulto, teve vários empregos informais em bares, restaurantes e bordéis até conhecer uma atriz de teatro que adorava as imitações que João fazia das cantoras de rádio da época, então, ela o indicou a uma vaga num teatro carioca. No final dos anos 20, João se apresentava nesse teatro como transformista onde era muito aplaudido por suas imitações, mas, infelizmente, em uma noite, após o espetáculo, João estava voltando à casa e decidiu ir a um bar para beber e comer alguma coisa. Lá no bar, foi insultado por um policial que não satisfeito o bateu no rosto com um cassetete. João foi para casa sangrando e chorando, porém quando chegou em casa, ele se recuperou, pegou uma arma e voltou ao bar; atirou no policial, exatamente, ele matou o policial. Por esse assassinato, João foi condenado a dezesseis anos de prisão, porém só ficou preso por dois anos. Após sair da prisão, nos anos 30, João se tornou uma figura emblemática da boemia carioca, ninguém mexia com ele; João possuía uma vasta ficha criminal, mas foi absolvido em mais da metade dos processos. Na época, para sobreviver como um gay afeminado e assumido, João não tinha muitas escolhas, era violento com quem o provocava, usava de suas habilidades de luta, principalmente a capoeira, para se defender dos que tentavam humilhá-lo e agredi-lo. Com o tempo, surgiu o apelido de Madame Satã; a Madame ficou conhecida como um dos malandros cariocas mais temidos pela polícia do Rio de Janeiro. Nas décadas seguintes, Madame se tornou uma lenda e um símbolo de luta contra os papéis tradicionais de gênero. Nosso segundo anti-herói, é a travesti Cintura Fina que ficou famosa por suas habilidades com a navalha, nos anos 50, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Cintura nasceu no Ceará, teve uma infância tranquila, criada pelas tias. Estudou num colégio de padres e lá teve suas primeiras experiências sexuais. Fugiu do colégio aos quatorze anos e foi viver sua verdade como travesti em Fortaleza. Aos dezoito anos, foi para Belo Horizonte onde teve diversos subempregos na zona boemia da cidade. Como cintura era uma travesti, constantemente, era agredida verbalmente pelos homens que não respeitavam-na. Nunca satisfeita dessas humilhações, cintura os agredia com técnicas de capoeira e de corte com navalha. Cintura foi presa várias vezes por diversos motivos, possuindo uma longa ficha criminal; assim como Madame Satã, Cintura sofria com os ataque agressivos da polícia e de uma sociedade que não davam-nas espaço e somente tratavam-nas como seres inferiores e doentes. Nos anos 50, cintura sempre estava nas páginas dos jornais de Belo Horizonte por ser uma travesti enfurecida que não levava desaforos para casa. Cintura sempre levava consigo uma navalha presa na cintura para poder usá-la em qualquer situação que se sentisse ameaçada, também estava sempre pronta para defender suas amigas travestis e prostitutas dos homens que não queriam pagá-las pelo serviço prestado. Nos anos 90, Cintura ficou conhecida nacionalmente após o sucesso de um seriado de televisão que retratava a boemia da cidade de Belo Horizonte na década de cinquenta; tornando-se um símbolo de resistência glbtqia+ brasileira.