UM EXPERIMENTO DE CHARLES DARWIN
Para exemplificar a formulação de uma hipótese e seu teste experimental, escolhemos um exemplo simples.
Você já deve ter notado que plantas cultivadas dentro de casa crescem em direção à janela; caso você gire o vaso, as folhas das plantas, após alguns dias, estarão novamente voltadas para o local de onde vem a luz.
Uma pergunta que se pode fazer sobre esse fato é: qual parte da planta “percebe” de onde vem a luz?
Há mais de 100 anos, Charles Darwin e seu filho Francis fizeram essa pergunta e, com base em uma série de observações prévias, formularam a seguinte hipótese: a luz é percebida pela ponta do caule das plantas.
Com base nesse palpite, os Darwin fizeram uma previsão: se é realmente a ponta do caule que percebe a luz, então plantas decapitadas, ou com as pontas dos caules cobertas, perderão a capacidade de se curvar em direção à fonte luminosa.
Para testar essa hipótese, eles decapitaram algumas plantas e colocaram-nas perto de uma janela, juntamente com plantas intactas.
Alguns dias depois, verificaram que as plantas intactas haviam crescido curvadas em direção à luz, mas as plantas decapitadas haviam crescido eretas, sem se curvar.
Em outra experiencia, os Darwin cobriram pontas de plantas com papel preto, à prova de luz: as plantas cobertas, como as decapitadas, também cresceram eretas.
O resultado das experiências confirmou a previsão e a hipótese adquiriu maior validade.
Diversas perguntas podem ter ocorrido durante o experimento dos Darwin, como, por exemplo: “De que modo a planta percebei a luz?”
Ou: “Qual o mecanismo que faz a planta se curvar?”
Essas questões não precisam ser respondidas para validar a hipótese original.
No entanto, ilustra algo que, com frequência, ocorre na ciência: os experimentos, além de testarem hipóteses, levantam outras questões, para as quais serão elaboradas outras hipótese e feitos novos experimentos; é assim que o conhecimento progride.
Quando se testa uma hipótese por meio da experimentação, o que se faz é comparar os resultados do grupo experimental (aquele em que provamos uma alteração) com os de um grupo de controle, no qual não foi feita a intervenção em teste.
Nos experimentos dos Darwin, por exemplo, os grupos experimentais eram as plantas decapitadas ou com o ápice coberto; o comportamento desses grupos era comparado com os dos grupos de controle, as plantas intactas descobertas ou com a cobertura em local diferente da ponta do caule.
Já nos experimentos de Semmelweis o controle foi representado pelas parturientes assistidas pelos médicos que se recusaram a aceitar a proposta para lavar cuidadosamente as mãos e os instrumentos cirúrgicos.
Nos partos assistidos por esses médicos, a mortalidade continuou tão alta quanto antes, servindo de comparação com a mortalidade no grupo experimental, praticamente reduzida a zero.
Os controles fornecem ao pesquisador uma base de comparação, para que se possam estabelecer relações de causa e efeito no problema investigado.